O setor financeiro e o de apostas dominam o patrocínio de camisa de futebol, tanto no Brasil como nos demais países da América Latina, segundo o Ibope Repucom.
De acordo com o instituto de pesquisa, os cinco setores que predominam nas propriedades dos uniformes dos times latino-americanos (com exceção do Brasil) são, pela ordem: instituições financeiras, apostas, automóveis, telecomunicações e alimentação.
“Na América Latina, é notório o potencial de patrocínio que os clubes oferecem, sobretudo quando olhamos para o horizonte de médio prazo, tanto para as marcas/setores quanto para a atuação do patrocínio, ou seja, local ou global”
Arthur Bernardo Neto, diretor do Ibope Repucom
Já no futebol brasileiro, a liderança pertence ao setor de apostas, que ainda não teve regulamentação no país. A lei que permite a atuação de empresas de apostas esportivas no Brasil é de 2018, ainda no governo Michel Temer. No entanto, as regras para o setor desenvolver atividade econômica no país não foram estabelecidas pelo governo federal até o momento.
Aumento de exposição
Apesar da ausência de regulamentação, o setor de jogos de azar conta com 24 exposições de marca nas camisas dos 20 principais clubes do Brasil. Desde 2020, o setor ganhou duas posições e alcançou o primeiro lugar no volume de marcas expostas nos uniformes da elite do futebol brasileiro.
Há dois anos, esse segmento contava com 16 exposições de marca nas camisas dos principais times. Portanto, em dois anos, as apostas aumentaram em 50% sua representatividade no futebol brasileiro.
Esses números geram a expectativa de que, com a regulamentação, esse investimento será ainda maior nos próximos anos.
Outros setores
Atrás das apostas, aparecem as instituições financeiras, um patrocinador tradicional do futebol brasileiro, seguidas pelo ramo imobiliário, serviços de saúde e alimentação.
Presentes na lista do restante da América Latina, os setores automotivo e de telecomunicações não estão no Top 5 do futebol brasileiro. Marcas como Renault, Chevrolet, Suzuki, Hyundai, Bridgestone e Mobil são patrocinadoras de camisa em outros países latino-americanos. E, apesar de também atuarem no Brasil, já não sentem necessidade de gastar com exposição de marca no país. Talvez porque já sejam marcas consolidadas por aqui.
“Olhar para toda a região nos ajuda a compreender peculiaridades e tendências de cada mercado, assim como identificar novas oportunidades para patrocinadores e patrocinados”
Arthur Bernardo Neto, diretor do Ibope Repucom
As telecomunicações são um caso semelhante. Na América Latina, empresas como Antel (Uruguai), Movistar (Chile), DirecTV (Chile e Equador), Tigo (Paraguai, Bolívia e Colômbia), Telcel (México) e AT&T (México) investem em patrocínio de camisa.
No Brasil, essa necessidade de divulgar a marca já não é tão premente para os principais players do mercado, com exceção da TIM, única empresa que ainda se utiliza do patrocínio de camisa no futebol como meio de divulgação.
Efeito da pandemia
Talvez como reflexo da crise sanitária e também por conta da dimensão que a pandemia de Covid-19 atingiu em território nacional, os serviços de saúde tenham se tornado um segmento importante no patrocínio esportivo. Atualmente, esse setor conta com 20 inserções nos uniformes dos principais clubes latino-americanos. O segmento engloba convênios médicos, laboratórios, planos de saúde, farmácias e laboratórios farmacêuticos.
Na América Latina, nenhum país teve mais mortes por Covid-19 do que o Brasil. Até o momento, o país ocupa a vice-liderança mundial (atrás apenas dos Estados Unidos), com mais de 682 mil mortos, segundo levantamento do Our World In Data.