Pular para o conteúdo

As razões para a demissão de Marcelo Sant’Ana do cargo de diretor de futebol do Vasco

Executivo tinha pouco respaldo da diretoria e, em momento de crise, virou forma de dar satisfação à torcida

Marcelo Sant'Ana, demitido do cargo de diretor executivo de futebol do Vasco - Divulgação

Marcelo Sant'Ana foi demitido do cargo de diretor-executivo de futebol do Vasco - Divulgação

A demissão de Marcelo Sant’Ana do cargo de diretor-executivo de futebol do Vasco, ocorrida na noite deste domingo (11), não surpreendeu quem acompanha os bastidores do clube de São Januário. Segundo a Máquina do Esporte apurou, a saída do executivo é muito mais uma maneira de dar satisfação à torcida em um momento de crise do que propriamente insatisfação com o desempenho do profissional.

O time de São Januário esperava conseguir uma agenda positiva com os torcedores após a oficialização de Fernando Diniz como novo treinador.

No entanto, no último sábado (10), o time não correspondeu em campo, perdendo para o Vitória, no Barradão, em Salvador (BA), por 2 a 1, mesmo atuando com um jogador a mais durante mais de dois terços da partida. Foi o jogo de despedida de Felipe Maestro, treinador interino, que voltará a exercer as funções de diretor técnico.

Insatisfação

Há grande insatisfação dos torcedores com a performance do clube, que ocupa a 17ª posição no Campeonato Brasileiro, a primeira do Z4, com 7 pontos em 8 jogos. Nos últimos cinco jogos no Brasileirão, foram quatro derrotas. Apenas Juventude, Santos e Sport estão atrás do time de São Januário na classificação geral.

Esse mau desempenho respinga no presidente Pedrinho, que viu na saída do executivo uma forma de dar alguma resposta aos torcedores. O mandatário do Vasco até tinha bom relacionamento com Sant’Ana, a quem considerava um profissional mais técnico.

O ex-diretor de futebol foi presidente do Bahia entre 2015 e 2017. Nesse período, ganhou o Campeonato Baiano (2016) e a Copa do Nordeste (2017). Ele também havia exercido o cargo de diretor-executivo de futebol na Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do América-RN, experiência que era bem-vista, já que o Vasco quer retomar sua SAF, embora ainda busque um novo investidor.

No entanto, Sant’Ana não encontrava respaldo na diretoria. Suas atribuições eram mais técnicas, para tocar o dia a dia. Ao ver a falta de estrutura do Centro de Treinamento Moacyr Barbosa, o ex-diretor havia pedido uma reforma, com modernização das instalações, vistas como defasadas em relação às outras equipes da Série A do Brasileirão.

Mas o executivo ficava de fora das principais decisões da diretoria, como a contratação de um treinador e negociações no mercado da bola.

Sant’Ana foi contra a manutenção do meia Dimitri Payet no elenco cruz-maltino. Mas houve receio de que a rescisão com o francês pudesse trazer mais ações trabalhistas contra o clube, e o jogador se manteve no elenco. O contrato vence no meio do ano, e ele vem sendo pouco aproveitado por conta de lesões e também por opção técnica.

Com a campanha desastrosa neste início de Brasileirão, o Vasco será comandado pelo terceiro treinador no torneio, após a demissão de Fábio Carille, no final de abril, depois de uma derrota para o Cruzeiro, e o período de interinidade de Felipe Maestro.

A saída de Sant’Ana acaba sendo também uma moeda de troca com a torcida, insatisfeita com os maus resultados e temerosa de que neste ano ocorra o quinto rebaixamento do clube na era dos pontos corridos, após as quedas em 2008, 2013, 2015 e 2020.

Comunicado oficial

Leia abaixo a íntegra do comunicado oficial divulgado pelo Vasco:

O Vasco da Gama informa a suspensão do vínculo contratual do Diretor Executivo de Futebol, Marcelo Sant’Ana.

O clube agradece ao profissional pelos serviços prestados e deseja sucesso em seus futuros desafios.

As atividades burocráticas do Departamento de Futebol ficarão, temporariamente, sob a responsabilidade do CEO, Carlos Amodeo, que acumulará tais atribuições.