No dia 21 de novembro começa a Copa do Mundo do Catar. Pela primeira vez, o torneio será disputado no fim do ano, devido às fortes temperaturas no país do Oriente Médio no verão. Para o Brasil, a mudança de data do Mundial representa um calendário ainda mais apertado, já que a final da CONMEBOL Libertadores, por exemplo, passa do fim de novembro para o fim de outubro.
Nesse cenário, a manutenção dos campeonatos estaduais até o mês de abril traz novamente à tona a discussão sobre essas competições e o possível fim delas, que está cada vez mais próximo, pelo menos no modelo atual, com três meses de duração.
Uma reportagem da plataforma de apostas esportivas on-line Betway traz o cenário completo com entrevistados para abordar a queda de importância histórica, os desafios dos clubes pequenos e dados de cotas de televisão, público nos estádios e como jogadores usaram os gramados das competições estaduais para conquistar uma chance nos grandes clubes.
A manutenção dos Estaduais no calendário é, acima de tudo, uma questão política, já que os presidentes de federações elegem o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que ainda tem grande poder sobre o futebol dos clubes.
A matéria da Betway, publicada em seu blog, aborda a questão do calendário, apontando que, com uma pré-temporada menor, devido ao mês obrigatório de férias e o começo dos Estaduais ainda em janeiro, a qualidade técnica nos primeiros meses do ano é prejudicada, aumentando também o risco de lesões.
Para 2022, esse problema é ainda maior. O Campeonato Paulista e o Campeonato Carioca terminarão em 3 de abril de 2022, e o Campeonato Brasileiro se inicia exatamente uma semana depois, terminando no dia 13 de novembro.
O Brasileirão terminará oito dias antes da estreia da Copa do Mundo. Convocados de clubes brasileiros ou perderão o final do campeonato (mais provável) ou não farão a preparação completa da seleção para o torneio mais importante de suas carreiras. De qualquer forma, a CBF prejudica seu produto, seja ele o Brasileirão ou a seleção brasileira. Sem os Estaduais na conta, ou pelo menos não com a atual duração, haveria mais espaço para a folga dos jogadores.
Quem gosta de futebol terá uma agenda cheia a partir de abril, já que a Copa do Brasil estará apenas em sua terceira fase e a fase de grupos da Libertadores também se iniciará neste mês, na semana entre o fim do Estadual e o começo do Brasileirão. Ou seja, os times que disputarem várias competições terão que ter elencos para encarar, nos sete meses de abril a novembro, a disputa de três grandes competições: 38 jogos do Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores ou a Sul-Americana.
O que fazer?
Entre as soluções apresentadas pela matéria da Betway está a redução dos Campeonatos Estaduais e a criação de mais divisões nacionais. O problema da logística, nesse caso, seria fazer com que fases regionais se transformem no ponto de partida dessas divisões nacionais.
Para os clubes grandes, a solução é mais difícil. Entrar em fases avançadas é um benefício técnico injusto, mas jogar partidas sem tanta importância e perder dinheiro também não é viável. Ou seja, é difícil imaginar que os Estaduais continuem por mais tempo da forma como são disputados atualmente.
Para 2022, nenhuma mudança acontecerá. Os atletas sofrerão lesões e os treinadores reclamarão ainda mais do calendário (Abel Ferreira, do Palmeiras, crítico do excessivo número de jogos, ainda terá a disputa do Mundial de Clubes nos Emirados Árabes Unidos nas próximas semanas). Tudo, porém, poderia ter sido resolvido com melhor visão e planejamento, e menos interferência política.