O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi o principal alvo da Operação Spot-Fixing, detonada pela Polícia Federal (PF) em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), nesta terça-feira (5), para investigar uma possível manipulação de um jogo do Campeonato Brasileiro de 2023.
A suspeita é de que o jogador teria tomado cartões deliberadamente em um jogo contra o Santos para beneficiar familiares e amigos em apostas esportivas.
De acordo com um comunicado da PF, “trata-se, em tese, de crime contra a incerteza do resultado esportivo, que encontra a conduta tipificada na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão”.
A PF cumpriu 12 mandados de busca e apreensão em endereços no Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Lagoa Santa (MG), Ribeirão das Neves (MG) e Vespasiano (MG). O pedido foi feito pela Justiça do Distrito Federal.
Entre os alvos da investigação também estão familiares do jogador, como o irmão Wander Nunes Pinto Júnior, a cunhada Ludymilla Araujo Lima e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso.
A polícia também visitou endereços de possíveis pessoas ligadas a Bruno Henrique, como Andryl Sales Nascimento dos Reis, o casal Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Rafaela Cristina, Elias Bassan, Douglas Ribeiro Pina Barcelos, Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento e Max Evangelista Amorim.
Na partida contra o Santos, Bruno Henrique fez falta em Soteldo, à época atacante do time paulista, e levou cartão amarelo. Em seguida, reclamou de forma acintosa com o árbitro Rafael Klein e foi expulso, já aos 50 minutos do segundo tempo.
O Flamengo perdia o jogo por 2 a 1, placar que não foi alterado até o final da partida. No duelo, também já haviam sido expulsos Gerson (Flamengo) e Lucas Braga (Santos).
“Informo que expulsei, por decorrência do cartão vermelho direto, o sr. Bruno Henrique Pinto, por me ofender com as seguintes palavras: “Você é um m…”, com o dedo em riste em direção ao meu rosto, após a marcação de uma falta e também após ter sido advertido com cartão amarelo. Após ser expulso, o atleta veio em minha direção, sendo contido pelos seus companheiros. Informo que me senti ofendido”, informou Klein, no relatório da partida.
Vários endereços ligados a Bruno Henrique foram alvos da Operação Spot-Fixing, como a casa do atacante, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio de Janeiro), o quarto do jogador no CT Ninho do Urubu, em Vargem Grande (também na zona oeste da capital fluminense), e a sede do Flamengo, na Gávea (zona sul).
Integridade
A suspeita começou após relatórios elaborados pela International Betting Integrity Association (Ibia) e a Sportradar, agências que examinam a integridade das apostas, mostrando que houve um volume anormal de apostas em cartões em Flamengo x Santos. O informe foi então repassado pela Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cliente da Sportradar, à polícia.
Durante as investigações da PF, a partir de dados obtidos com as casas de apostas, foi descoberto que familiares e amigos de Bruno Henrique haviam apostado que o jogador tomaria o cartão amarelo.