A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu criar regras para dificultar a farra da venda de mando de jogos em suas principais competições como o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. A regra também é seguida pelas federações estaduais em seus campeonatos. No entanto, mesmo com a mudança, a venda de mando de jogos tem sido uma constante no futebol brasileiro neste início de temporada.
Segundo o Regulamento Geral de Competições (RGC) 2023, publicado pela entidade recentemente, os clubes deverão exercer o mando de campo dentro da jurisdição de sua federação estadual.
Cada equipe terá que informar à Diretoria de Competições da CBF (DCO), antes do início dos torneios, o estádio que utilizará. Segundo o artigo 14 do RGC, o time necessariamente precisa estar “situado na cidade onde o clube tenha sua sede permanente”.
Venda de mando
Caso queira exercer o mando de campo em outro estádio, a equipe terá que obedecer uma série de regras. De acordo com o artigo 14, parágrafo 1º, o time terá que demonstrar que essa prática não afetará o equilíbrio técnico da competição e que a mudança não se deve a interesses econômicos do clube, em prejuízo do aspecto técnico do torneio.
Segundo o mesmo parágrafo, o time também terá que provar que não haverá prejuízo em relação à presença de seus torcedores no estádio e que não estará privilegiando o adversário, como inversão de mando (quando o rival tem o potencial de contar com maior torcida no estádio, mesmo atuando fora de casa). O clube também precisará mostrar que não comercializou seu mando de campo.
Superadas todas essas regras, o clube ainda terá que contar com a aprovação da DCO para seu pedido de mudança de mando de jogo. Apenas a Diretoria de Competições da CBF é que poderá aceitar ou rejeitar esse pedido.
Regra não obedecida
Curiosamente, apesar de a regra tentar limitar a venda de mando de campo, os Campeonatos Estaduais e a Copa do Brasil, que teve início na última terça-feira (21), já mostram que o regulamento não inibiu essas práticas.
Pelo Campeonato Carioca, o Madureira exerceu seus mandos de campo contra os grandes do Rio de Janeiro bem distante de seu estádio, na Rua Conselheiro Galvão (zona norte da capital fluminense). As partidas contra Flamengo (18/01) e Fluminense (22/01) foram disputadas no Kléber Andrade, em Cariacica (ES). Contra o time rubro-negro, houve um empate por 0 a 0. Já o Fluminense venceu por 1 a 0.
A cidade capixaba também atraiu o Resende, que receberá por lá o Botafogo no domingo da semana que vem (5 de março), em uma rodada decisiva (a penúltima) para a classificação das equipes para as semifinais do Cariocão.
Mas o local que mais tem comprado mando de jogos tem sido Brasília (DF), que, embora não tenha um torneio estadual forte, pôde contar com clubes grandes na cidade.
O torcedor da capital federal já teve a oportunidade de assistir ao Botafogo (enfrentou o Resende em 5 de fevereiro) e ao Vasco (mando do Nova Iguaçu, no dia 7 do mesmo mês). Neste sábado (25), o Estádio Mané Garrincha abrigará Botafogo x Flamengo, clássico do Cariocão.
No sábado que vem (4 de março), o estádio receberá o último grande do Rio de Janeiro que ainda não jogou por lá nesta temporada, o Fluminense, que enfrentará o Bangu, com mando do clube da zona oeste do Rio de Janeiro.
Em 2023, o gramado do Mané Garrincha também já recebeu um clássico do Paulistão. Isso porque Portuguesa 0x0 Corinthians também foi disputado em Brasília.
Até Copa do Brasil
Mas se os Estaduais não estão nem aí para o regulamento de competições da CBF, até em torneio em que a confederação é a organizadora a regra foi deixada de lado.
Na Copa do Brasil, o Vasco foi nitidamente favorecido, ao praticamente atuar em casa contra o Trem-AP, na estreia do clube de São Januário na Copa do Brasil, nesta quinta-feira (23).
Por fim, outro time que desfrutará desse privilégio com venda de mando de campo na Copa do Brasil será o Grêmio, que enfrentará, com torcida favorável, o Campinense-PB, na estreia do time de Luis Suárez na competição, na próxima quarta-feira (1º de março).