O perfil da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Instagram sofreu ataques racistas ao longo da semana em que houve um incidente de violência entre a Polícia Militar (PM) e a torcida argentina antes do jogo entre Brasil e Argentina, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, no Maracanã, na última terça-feira (21).
Os ataques compararam jogadores e torcedores brasileiros com macacos. As ofensas também atingiram o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que foi chamado de “índio”.
“Tenho orgulho de ser o primeiro negro, nordestino e descendente de indígenas a ocupar a presidência da CBF. Sempre soube e sigo consciente da minha luta e das dificuldades que terei que passar ao longo da minha vida por não ter origem na elite do Brasil, de ter vindo do interior do Nordeste”, afirmou Rodrigues.
“Desde os 8 anos de idade convivo com a pesada mão do racismo, tanto sobre mim quanto sobre a minha família. Meu compromisso em transformar o futebol brasileiro em um lugar sadio não será cerceado”, acrescentou.
Curiosamente, no dia do jogo contra a Argentina, na última terça-feira (21), foi lançado o Relatório da Discriminação Racial no Futebol, realizado em uma parceria entre o Observatório da Discriminação Racial no Futebol e a CBF, que mostrou o aumento dos casos de racismo nos estádios do país em 2022.
Caso de polícia
A CBF divulgou que comunicou o caso à polícia para identificação e punição dos responsáveis por se tratar de crime passível de prisão, de acordo com a legislação brasileira. Os perfis também foram denunciados ao Instagram. A CBF ainda enviou ofícios à Fifa e à Conmebol relatando o problema.
“Esse tipo de crime não será tolerado. Ao contrário de um passado não tão distante, de uma CBF indiferente, iremos enfrentar a questão do racismo e continuar empunhando a nossa bandeira de combate a esse crime”, afirmou a confederação, em comunicado oficial.
Ações
A entidade aproveitou para lembrar que realizou a primeira edição do Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol no ano passado. O evento gerou a criação de um Grupo de Trabalho que vem desenvolvendo diagnósticos, propostas e ações para enfrentar o problema.
Nesse sentido, a CBF promoverá, em 2024, o jogo “Uma Só Pele”, entre a seleção brasileira e a Espanha, para chamar a atenção sobre o problema do racismo enfrentado nos dois países.
“A luta contra o preconceito é uma das bandeiras mais importantes da atual gestão. Venha de onde vier, de racistas como estes, de xenófobos como estes, de homofóbicos, de criminosos e de pessoas que fazem parte de um passado sombrio e corrupto da entidade e daqueles que ainda tentam, de todas as formas, retomar suas benesses pessoais”, enfatizou a confederação, lançando críticas às administrações passadas da própria entidade.