Os clubes de futebol ingleses podem, em breve, enfrentar a proibição de acordos de patrocínio de camisas com marcas de apostas. Uma proposta para proibir esses contratos foi incluída em um documento do governo do Reino Unido, segundo informou a BBC.
O Departamento de Digital, Cultura, Mídia e Esporte (DCMS, na sigla em inglês) confirmou que divulgará os documentos de política nas próximas semanas, estabelecendo as propostas para uma legislação futura, que seria uma forma de adequar à era digital as leis sobre jogos de azar no Reino Unido. Nesta fase, a proibição não está confirmada, já que a proposta terá de passar pelo Parlamento. Segundo a BBC, a nova legislação entraria em vigor a partir da temporada 2023/2024, dando tempo para os clubes negociarem novos acordos até lá.
Na Premier League e na EFL Championship (equivalente à segunda divisão), os contratos de patrocínio de camisas com sites de apostas atingiram US$ 137 milhões durante a temporada 2021/2022, de acordo com o diário Daily Mail.
A Liga Inglesa de Futebol (EFL), que administra os três níveis de futebol profissional abaixo da primeira divisão, revelou que a proibição do patrocínio de empresas de jogos de azar pode fazer com que as equipes percam US$ 50,3 milhões anualmente.
Restrição à publicidade
As restrições ao marketing da indústria de jogos de azar no esporte do Reino Unido estão no horizonte há algum tempo. Um comitê da Câmara dos Lordes sugeriu a proibição de patrocínios de camisas de empresas de apostas pela primeira vez em 2020.
Uma revisão do Gambling Act foi lançada posteriormente pelo DCMS em dezembro de 2020, com vários meios de comunicação do Reino Unido relatando à época que os patrocínios de camisas, atualmente presentes em 11 clubes na Premier League e seis na Championship, poderiam ser proibidos a partir de 2023.
Em abril, o Comitê de Prática de Publicidade (CAP) do Reino Unido anunciou planos para proibir anúncios de apostas utilizando a imagem de estrelas do esporte e influenciadores de redes sociais. Além disso, as casas de apostas serão impedidas de usar os uniformes e estádios oficiais dos clubes em qualquer campanha publicitária.
A medida, que valeria para TV, on-line e publicações impressas, bem como outdoors e pôsteres, fazia parte de uma ampla lista de novos regulamentos que visam reduzir o apelo do marketing da indústria de jogos de azar para menores de 18 anos.
A nova legislação, que entrará em vigor em 1º de outubro, estabelece que os anúncios de jogos de azar não devem “ter forte apelo para crianças ou jovens, especialmente por refletirem ou estarem associados à cultura jovem”.
No mês passado, 20 clubes pediram a proibição geral de patrocínios de sites de apostas em camisas de jogo. Os dirigentes assinaram uma carta aberta aos ministros do Reino Unido dizendo que o esporte tem o ”dever moral” de não se envolver com empresas de apostas.
Se a possibilidade se confirmar, o Reino Unido poderá seguir a Espanha e a Itália, países onde os clubes de futebol enfrentaram uma proibição semelhante de contratos de patrocínio com empresas de apostas esportivas. Na Bélgica, o ministro da Justiça local também anunciou planos para impor restrições a anúncios e publicidade de casas de apostas em partidas de futebol.