A pretensa união dos clubes brasileiros em torno da criação de uma liga para representar comercialmente as Séries A e B do Campeonato Brasileiro fez água. Nas próximas semanas, deve haver a formação de duas “ligas”, cada uma representando parte dos clubes que disputam a primeira divisão nacional.
O racha entre os clubes chegou a tal ponto que as conversas para fundar a liga estacionaram, e dois grupos distintos decidiram seguir adiante com suas ideias para a formação da entidade.
De um lado está o movimento Forte Futebol, formado por dez clubes sob liderança do Athletico Paranaense, que ganhou nas últimas semanas as adesões de Atlético Mineiro e Fluminense e conta com a simpatia de outros clubes, como Internacional e Vasco. No último sábado (2), o grupo de 12 clubes que estão na Série A assinaram um acordo com a Brax para vender placas de publicidade do Brasileirão pelos próximos três anos. Dentre os termos do negócio está a criação de um fundo para ser usado na criação da liga de clubes. Foi a primeira ação conjunta dos clubes já projetando 2024, quando se encerra o atual contrato de direitos de mídia do campeonato.
Do outro lado ficaram o Flamengo e os cinco clubes paulistas (Corinthians, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo), que, segundo apurou a Máquina do Esporte, devem assinar, nas próximas semanas, um acordo com o grupo Codajas Sports Kapital (CSK) para que ele possa captar investimentos para a criação de uma entidade representando-os comercialmente.
A assinatura desse acordo pode significar o fim do conceito de criação de uma liga única, que represente os clubes e organize as Séries A e B do Campeonato Brasileiro. O país pode retornar para um modelo similar ao que vigorou entre 1989 e 2010, quando o Clube dos 13 representava comercialmente os clubes, mas a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) era quem organizava o Brasileirão.
Caso isso venha a acontecer, os clubes dividirão o potencial econômico e perderão a força política que tentaram criar em junho de 2021, quando 39 dos 40 clubes que disputavam as Séries A e B registraram uma carta na CBF informando que tinham tomado “a decisão da criação imediata de uma ‘liga‘ de futebol no Brasil, que será fundada com a maior brevidade possível e que passará a organizar e desenvolver economicamente o Campeonato Brasileiro de Futebol”.
Dez meses depois, a CBF já elegeu um novo presidente, reduziu o poder de voto dos clubes na Assembleia Geral da entidade e ainda segue como único órgão com representatividade para organizar o Brasileirão. Os clubes, enquanto isso, racharam o conceito de uma liga antes mesmo de formatá-la. E, agora, dividiram os interesses comerciais em dois grupos, dificultando ainda mais a comercialização do campeonato.