A Copa do Mundo de 2026 deverá ser a mais prejudicial para o clima da história da competição. De acordo com um relatório da Scientists for Global Responsibility (SGR), publicado nesta quarta-feira (9), o torneio irá gerar mais de 9 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e).
A próxima edição do Mundial organizado pela Fifa terá três países como sede: Estados Unidos, Canadá e México. Além disso, será a primeira Copa do Mundo com 48 equipes, o que fará com que sejam disputados 40 jogos a mais.
Com isso, a principal fonte de emissão de dióxido de carbono será o transporte aéreo. O estudo prevê que as viagens de avião de torcedores e equipes serão responsáveis por 7,72 toneladas.
O documento aponta que as 9 milhões de toneladas de dióxido de carbono que devem ser emitidas pelo torneio são equivalentes a “quase 6,5 milhões de carros britânicos médios circulando durante um ano inteiro”.
“A Fifa deve assumir a responsabilidade por seu crescente papel na crise climática. Com a crise climática se agravando rapidamente, a única resposta sensata é que a Fifa tome medidas imediatas para reduzir significativamente as emissões dos torneios”, disse o Dr. Stuart Parkinson, diretor executivo da Scientists for Global Responsibility.
Estádios
O relatório também aponta para riscos de segurança oferecidos aos jogadores pelas condições climáticas extremas que a competição pode oferecer.
De acordo com a avaliação de risco de emergência climática liderada pelo Environmental Defense Fund (Fundo de Defesa Ambiental), dos EUA, seis dos 16 estádios enfrentam estresse térmico.
O AT&T Stadium, em Dallas, por exemplo, tem temperaturas acima de 35ºC em 37 dias por ano. O local apresenta uma temperatura de bulbo úmido (medida por termômetro com um bulbo envolvido por um tecido molhado) de 28,6°C em julho, o que excede os limites de segurança da Fifa.
Patrocínio
Até mesmo alguns acordos de patrocínio fechados pela Fifa para a Copa do Mundo 2026 foram citados no relatório como comprometedores para a sustentabilidade do torneio.
A Aramco, empresa petrolífera estatal da Arábia Saudita, por exemplo, é a maior do ramo em termos de emissões históricas e anuais.
Outras edições
Caso cumpra o previsto pela Scientists for Global Responsibility, a quantidade de emissões da Copa do Mundo 2026 seria 92% acima da média das últimas quatro edições do torneio.
A Copa do Mundo 2022, por exemplo, deixou uma pegada de até 5,25 milhões de toneladas de CO2e. O estudo indica, ainda, que as 9 milhões de toneladas serão maiores do que as duas próximas edições.
A previsão, até o momento, é que a Copa do Mundo 2030 (Espanha, Portugal e Marrocos) gere 6,09 milhões de toneladas de CO2e, enquanto o Mundial de 2034 (Arábia Saudita) emita 8,55 milhões.