O levantamento dos borderôs do Campeonato Brasileiro entre 2023 e 2025 feito pela Máquina do Esporte mostra um Cruzeiro que conseguiu levar a evolução esportiva para fora do campo. Ao longo do triênio, o clube mineiro aumentou o público, elevou a arrecadação com preços mais altos e, neste ano, deu um passo decisivo ao reduzir o custo da operação dos jogos, potencializando o resultado financeiro como mandante.
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Em 2023, temporada encerrada com o Cruzeiro na 14ª colocação, o clube levou 579.978 torcedores ao estádio, o equivalente a 5,7% do público total do Brasileirão. A arrecadação bruta somou R$ 25,8 milhões, participação de 5,1% na renda da competição, enquanto o líquido a receber fechou em R$ 15,8 milhões, cerca de 6,2% do total do campeonato. As despesas, por sua vez, ficaram em R$ 7,6 milhões, um patamar relativamente controlado diante do volume de público registrado.
Em 2024, já com o time terminando o campeonato na 9ª colocação, o público subiu para 596.391 torcedores, alta de 2,8% em relação ao ano anterior, elevando a participação do clube para 5,9% do total da Série A. A arrecadação bruta avançou para R$ 26,9 milhões, crescimento de 4,3% na comparação anual, mantendo o Cruzeiro com 5,3% da renda do Brasileirão. O ponto de desequilíbrio apareceu nas despesas, que saltaram para R$ 11,4 milhões, um aumento de 49,7% em relação a 2023. A pressão de custos reduziu a eficiência da operação e fez o líquido a receber recuar 2,5%, para R$ 15,4 milhões.
Em 2025, porém, o cenário mudou de forma clara, com o Cruzeiro encerrando a temporada na 3ª colocação. O clube registrou 867.683 ingressos emitidos, um crescimento expressivo de 45,5% na comparação com 2024, passando a responder por 8,6% de todo o público do Campeonato Brasileiro. A arrecadação bruta acompanhou o salto e chegou a R$ 44,9 milhões, alta de 66,9% no ano e equivalente a 8,7% da renda total da Série A.
Além do avanço de público e da adoção de preços mais altos, 2025 também marcou uma inflexão importante no controle das despesas do clube. Os custos totais caíram para R$ 7,9 milhões, redução de 30,4% em relação a 2024, retornando a um patamar próximo ao de 2023, mesmo com um volume muito maior de torcedores. O impacto no resultado foi direto: o líquido a receber saltou para R$ 37 milhões, crescimento de 140,3% na comparação anual, passando a representar 13,9% de todo o valor líquido gerado pelo Brasileirão.
Os dados da temporada também ajudam a qualificar esse crescimento. Dos 867.683 ingressos emitidos, 74.684 foram ingressos zerados, o que mostra que a expansão da arrecadação ocorreu mesmo com uma presença relevante de gratuidades. Considerando-se apenas os 792.999 ingressos pagos, o tíquete médio chegou a R$ 56,70, acima da média do campeonato, reforçando a estratégia de valorização dos jogos do Cruzeiro como mandante.
A leitura do triênio aponta para um Cruzeiro que ampliou de forma acelerada sua relevância econômica dentro do Campeonato Brasileiro. Entre 2023 e 2025, o clube aumentou sua participação no público total em quase três pontos percentuais e mais do que dobrou sua fatia no líquido a receber da competição.
Em um campeonato em que cerca de um quinto das partidas termina com resultado financeiro negativo, o desempenho de 2025, segundo ano da gestão de Pedro Lourenço, o Pedrinho BH, mostra que o time mineiro se destacou por combinar crescimento de público, preços mais altos e operações de jogos mais baratas, convertendo desempenho esportivo em resultado financeiro.
