O podcast “Nos Armários dos Vestiários”, do GE, produzido pela Feel The Match, foi lançado oficialmente nesta sexta-feira (24), tendo como primeiro entrevistado o ex-jogador Richarlyson, com passagens por São Paulo, Atlético-MG e seleção brasileira, que assumiu a bissexualidade.
“A vida inteira me perguntaram se sou gay. Eu já me relacionei com homem e já me relacionei com mulher também. Só que aí eu falo hoje aqui e daqui a pouco estará estampada a notícia: ‘Richarlyson é bissexual’. E o meme já vem pronto. Dirão: ‘Nossa, mas jura? Eu nem imaginava’”, contou o agora comentarista do Grupo Globo.
“Cara, eu sou normal, eu tenho vontades e desejos. Já namorei homem, já namorei mulher, mas e aí? Vai fazer o quê? Nada. Vai pintar uma manchete que o Richarlyson falou em um podcast que é bissexual. Legal. E aí vai chover de reportagens, e o mais importante, que é pauta, não vai mudar, que é a questão da homofobia. Infelizmente, o mundo não está preparado para ter essa discussão e lidar com naturalidade com isso”, acrescentou.
Ideia da série
A série mergulha em histórias de vida de pessoas do meio esportivo afetadas pelo preconceito no futebol brasileiro. A produção é a primeira parceria entre as duas empresas. Com depoimentos e revelações inéditas de jogadores, árbitros, ex-atletas, torcedores e outros personagens do universo da bola, o podcast é apresentado pela jornalista Joanna de Assis e pelo influenciador William de Lucca.
“Já namorei homem, já namorei mulher, mas e aí? Vai pintar uma manchete que o Richarlyson falou que é bissexual. O mais importante, que é pauta, não vai mudar, que é a questão da homofobia”
Richarlyson, ex-jogador
Bruno Maia, sócio-fundador da Feel The Match e diretor geral do projeto, ressaltou a importância de produções como essas para que pautas afirmativas avancem na sociedade.
“O futebol tem um papel importante nisso, e nós, que trabalhamos nele, precisamos evoluí-lo para além da tecnologia. É papel de todos que estamos nessa indústria. O esporte começou como algo restrito aos homens, numa sociedade que reproduzia esses privilégios naquela época. Mas o mundo, ainda bem, não é mais assim. Contar essas histórias e dar visibilidade a elas é combater a intolerância e o preconceito”, afirmou.
O diretor também ponderou que uma das principais dificuldades foi encontrar fontes com coragem para falar sobre um assunto tão delicado.
“A história de pesquisas da Joanna de Assis foi fundamental para vencermos as inseguranças de quem nunca tinha tratado abertamente o tema. O primeiro episódio será importante neste aspecto, porque, a partir desse, a gente acredita que mais pessoas vão se encorajar a participar dos seguintes, que ainda estão em produção. Eu admiro profundamente a coragem de todos que aceitaram contar suas histórias na nossa série”, ressaltou.
A produção está disponível no site do GE, no Globoplay e nas demais plataformas de áudio.