Vera Pauw, ex-jogadora da seleção da Holanda e atual treinadora da Irlanda, revelou que foi abusada sexualmente por três funcionários da Federação Holandesa de Futebol (KNVB) no tempo em que era jogadora.
“Por 35 anos, mantive um segredo do mundo, da minha família, das minhas companheiras de equipe. E agora posso aceitar, de mim mesmo”, escreveu Pauw, em um post publicado em sua conta no Twitter.
“Mesmo aqueles mais próximos a mim não sabem do estupro que sofri nas mãos de um importante dirigente de futebol quando era uma jovem jogadora. Mais tarde, mais duas agressões sexuais, por outros homens, foram adicionadas a esse registro”, completou.
A Associação de Futebol da Irlanda (FAI) publicou, também no Twitter, uma mensagem de apoio à sua treinadora.
“A FAI dá total apoio à treinadora da seleção feminina da República da Irlanda, Vera Pauw, neste momento difícil de sua vida, pois ela faz revelações muito corajosas sobre seu passado”, escreveu a entidade.
Denúncia à polícia
Vera contou que procurou a polícia após cinco tentativas de obter ajuda da KNVB, que nada fez.
“Nos últimos anos, tentei que meu caso fosse ouvido de maneira justa pelas autoridades do futebol na Holanda, mas sem sucesso”, lamentou ela.
“Não posso mais compartilhar o silêncio”, acrescentou.
Entre 1984 e 1998, Vera jogou 89 vezes pela seleção holandesa como zagueira. Ela também foi a primeira jogadora holandesa a jogar profissionalmente no exterior quando ingressou no Modena, da Itália. Depois de se retirar dos gramados, tornou-se treinadora.
“Nos últimos anos, tentei que meu caso fosse ouvido de maneira justa pelas autoridades do futebol na Holanda, mas sem sucesso. Não posso mais compartilhar o silêncio”
Vera Pauw, ex-jogadora da seleção holandesa
Outro lado
A KNVB, por sua vez, contestou a versão apresentada por Vera. A federação alegou que uma investigação independente foi aberta no ano passado.
“Esta investigação mostrou que a KNVB deveria ter feito várias coisas de maneira diferente. Infelizmente, Vera foi confrontada no passado com vários erros de julgamento e comentários prejudiciais [de ex-funcionários da federação]”, afirmou a KNVB, em comunicado.
No entanto, o corpo governante também disse que, durante a investigação do ano passado, Vera havia indicado que não queria dar prosseguimento às acusações de abuso sexual.
“Respeitamos essa escolha. Nossa intenção era proteger Vera. Mas deveríamos ter escolhido um caminho diferente”, disse a KNVB.