Depois de Botafogo e Vasco, até o Flamengo pode se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no futuro. A ideia não é descartada por Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, presidente do Conselho de Administração do Flamengo, que disse que, caso a iniciativa vingue no clube rubro-negro, não seria com um sócio majoritário.
“O clube pode se estruturar como SAF, sem nem virar SAF. Não tem nenhuma linha no estatuto do Flamengo que diz que a gente não possa se estruturar como uma SAF. Existem desafios políticos de governança? Claro que sim. Mas não há nenhuma linha do estatuto que proíba”, afirmou Bap, durante um debate promovido por B3, Win The Game e BMA Advogados em São Paulo.
Modelos diferentes
Para o executivo, porém, caso o Flamengo opte por se tornar uma SAF, a ideia não é ter um sócio majoritário, modelo seguido por clubes como Botafogo, Vasco, Cruzeiro e Bahia. O clube rubro-negro tem uma gestão estruturada e, ao contrário da maioria dos rivais que se tornaram clube-empresa, não possui endividamento que gere risco de inviabilizar sua atividade.
“Acredito que isso [SAF] é um caminho a ser perseguido. Eu particularmente acredito que o caminho do Flamengo, pela experiência que eu tenho de clube, seria primeiro se estruturar como uma SAF. Se eventualmente fosse trazer alguém [para investir], seria alguém que fosse minoritário. A gente não ia abrir mão do comando do clube”
Luiz Eduardo Baptista, presidente do Conselho de Administração do Flamengo
Startup
O dirigente comparou uma eventual necessidade financeira do Flamengo à atração que uma nova companhia com negócio emergente gera entre empresas de capital privado. Eventualmente, o clube poderia se abrir a investimento externo para seguir com seu propósito principal no futebol, que é ganhar títulos.
“Hoje, numa situação diferente, é a mesma coisa que se faz com startup. Você precisa de R$ 1 milhão para fazer um investimento, você acha que seu valuation é R$ 10 [milhões], você não vende 50% da empresa, você vende 10%”, comparou.
A reestruturação financeira pela qual o Flamengo passou a partir de 2013, cujos frutos começaram a ser colhidos cinco anos depois, faz o time emergir no mercado em condições bastante vantajosas, caso haja uma possível necessidade de atrair investimentos.
“Esse é um caso muito particular nosso. Se você me perguntasse isso há dez anos, eu não falaria metade do que estou falando aqui. Nem diria o que estou te dizendo agora, porque o clube devia 700 milhões [de reais] e faturava 200 [milhões de reais]. Tinha nada em caixa”, lembrou Bap.
Faturamento e custos
Se a situação financeira hoje é favorável, o Flamengo ainda pode ter necessidade de atrair investidores, dependendo dos projetos do clube. A equipe demonstrou interesse recentemente na aquisição de um terreno para a construção de uma arena própria.
Segundo número divulgado pelo presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, isso demandaria um custo de R$ 2 bilhões, montante bastante representativo até para o time com maior faturamento do futebol brasileiro. Em 2022, o Flamengo obteve uma arrecadação recorde de R$ 1,2 bilhão, contando com premiações de um ano vencedor, no qual o time conquistou os títulos da Copa Libertadores e da Copa do Brasil.
Com o que arrecada, o Flamengo teria condições de financiar seu estádio próprio sem a necessidade de capitais externos. Há outras formas de o clube capitalizar, como com o banco digital tocado em sociedade com o BRB, a venda de parte da futura liga do futebol brasileiro a investidores estrangeiros e a negociação dos naming rights da futura arena. Outra forma de atrair investimentos poderia ser negociar uma parte minoritária do Flamengo, caso o clube se estruture como uma SAF.