A cada ano, um número maior de entidades esportivas mostra apoio institucional ao Dia Mundial Contra a LGBTfobia, que é celebrado nesta quarta-feira (17). No entanto, a LGBTfobia é uma questão que está longe de ser resolvida na sociedade brasileira, o que se reflete no esporte.
Cânticos homofóbicos ainda são comuns nos estádios do país. No último domingo (14), por exemplo, no jogo entre Corinthians e São Paulo, na Neo Química Arena, pelo Brasileirão, o árbitro Bruno Arleu de Araújo chegou a parar o jogo aos 18 minutos do segundo tempo por causa de gritos homofóbicos da torcida da casa. Os clássicos em São Paulo são disputados com torcida única.
A partida ficou interrompida por dois minutos até que os cânticos cessassem, e o fato foi anotado na súmula. O Corinthians será alvo de denúncia no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), com possível punição e pagamento de multa de R$ 100 a R$ 100 mil, e até a perda dos pontos do jogo, embora essa penalização seja mais difícil de acontecer.
Corinthians e São Paulo postaram mensagens de apoio à causa em suas redes sociais neste 17 de maio.
Incidente comum
Episódios de homofobia não são exclusivos do Corinthians. Segundo estudo feito pelo Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, houve um aumento de 76% nos casos ocorridos em estádios, na mídia e nas redes sociais. Foram 74 ocorrências registradas em 2022 no Anuário do Observatório do Coletivo, documento que será publicado em julho, com apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
“O trabalho mostra uma triste realidade, que estamos lutando para acabar no futebol. A CBF vai sempre combater os preconceitos e trabalhar para que o futebol seja um lugar de inclusão”, afirmou Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, que também deu apoio institucional à causa nesta data.
Dados alarmantes
O futebol apenas reflete uma questão de toda a sociedade brasileira. O Brasil é o líder mundial em assassinatos de pessoas trans, segundo um estudo da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) feito em 2019.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2021 pela Transgender Europe (TGEU), que monitora dados obtidos por entidades de defesa da causa LGBTQIA+ pelo mundo, 70% dos assassinatos nesta comunidade ocorreram na América Latina. O Brasil representa 33% dos homicídios, estando à frente do México.
A escolha da data de 17 de maio como símbolo da luta contra a LGBTfobia, aliás, reflete o preconceito que essa parcela da população enfrentou ao longo dos anos. Foi em 17 de maio de 1990 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID).
Apoios
Além de CBF, Corinthians e São Paulo, outras entidades esportivas lembraram a data e divulgaram postagens em apoio à luta contra a LGBTfobia no esporte e na sociedade brasileira.