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Governo do Reino Unido confirma criação de regulador independente para futebol

Órgão promoverá nova regulamentação financeira, testes estatutários rigorosos, padrões de envolvimento de torcedores e proteções para patrimônio dos clubes

O Reino Unido confirmou a criação de um Regulador Independente do Futebol (IFR, na sigla em inglês). O órgão é uma consequência da sanção real dada na segunda-feira (21) à Lei de Governança do Futebol.

O Regulador Independente do Futebol começará a atuar ainda neste ano e terá a função de prevenir o futebol inglês de más gestões, em suas cinco primeiras divisões. O órgão deverá garantir administrações financeiramente saudáveis.

O movimento que resultou na criação do IFR foi iniciado por torcedores ingleses, incomodados com as iminentes falências de clubes do país, como Bury, Macclesfield Town, Derby County, Reading. A tentativa da criação da Superliga Europeia também foi um dos gatilhos.

Um dos objetivos da mudança é fazer com que os clubes tenham maior responsabilidade com os torcedores.

“Este é um momento de orgulho e definição para o futebol inglês. Nossa Lei de Governança do Futebol cumpre a promessa que fizemos aos torcedores. Ela protegerá os clubes que eles prezam e o papel vital que desempenham em nossa economia”, exaltou Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido.

Uma equipe de transição, a Shadow Football Regulator, foi criada em 2024 para liderar esse processo. A nomeação de uma equipe de liderança sênior está em andamento, com o anúncio de um CEO e um Conselho Interino previstos para breve.

Poder

O Regulador Independente do Futebol promoverá uma nova regulamentação financeira pensada para melhorar a resiliência em toda a pirâmide do futebol e garantir que os clubes sejam sustentáveis a longo prazo.

Testes estatutários serão mais rigorosos para proprietários e diretores para garantir que os custodiantes do clube sejam adequados e não estejam usando finanças ilícitas com poderes para forçar proprietários desonestos a vender.

Serão criados novos padrões para o envolvimento dos fãs na tomada de decisões do clube e proibições à participação de equipes em competições fechadas e ligas independentes, como seria a Superliga Europeia, por exemplo.

O IFR também terá “poderes de apoio” para garantir uma distribuição financeira justa entre as ligas, caso elas não consigam chegar a acordos de forma voluntária. 

Além disso, o órgão oferecerá novas proteções estatutárias para aspectos importantes do patrimônio do clube, como cores das camisas principais, emblemas e mudanças de estádio.

Uefa

O IFR será lançado ainda este ano e consultará a indústria sobre suas regras, diretrizes e abordagens propostas para o licenciamento de clubes antes da implementação do novo regime.

Ainda que esteja sendo tratada como uma vitória dos torcedores ingleses, existem aspectos que preocupam o mercado. No ano passado, a Uefa, por exemplo, levantou questionamentos sobre a interferência que um regulador poderia causar.


Para a entidade, o novo órgão poderia representar uma interferência do Governo do Reino Unido no futebol e enfraquecer a autonomia da FA, a entidade responsável pelo esporte no país. Nesse sentido, o movimento pode ir contra as regras de governança da Uefa.