A Liga Forte Futebol (LFF) realizou uma reunião nesta terça-feira (6), em um hotel em São Paulo (SP), e apresentou a XP Investimentos como parceira para buscar investidores para o grupo de 25 clubes que fazem frente aos 13 que integram a Liga do Futebol Brasileiro (Libra).
A principal reivindicação da LFF é que a futura liga que irá gerir o Campeonato Brasileiro distribua no máximo 3,5 vezes mais verba obtida com direitos de transmissão e marketing para o time mais bem-remunerado (normalmente o Flamengo) em relação à equipe com menor remuneração (usualmente o grupo de clubes que acaba rebaixado naquela edição do torneio).
“A redução da diferença de receita entre o que mais e o que menos recebe é fundamental para que haja interesse dos investidores internacionais na liga. Com isso, ganha mais o futebol brasileiro. Trabalhamos muito para ter uma liga com os 40 clubes, os 20 da Série A e os 20 da Série B. Perseguimos um modelo baseado nas ligas internacionais. Esperamos que logo possamos ter nossa liga do futebol brasileiro”, afirmou Alessandro Barcellos, presidente do Internacional, um dos integrantes da LFF.
Disparidade de receitas
Atualmente, segundo números levantados pela LFF, essa disparidade está entre 5,5 e 7 vezes, o que inviabiliza um equilíbrio no campeonato. Para os integrantes do grupo, com uma menor competitividade, o torneio não tem condições de crescer e oferecer premiação melhor aos clubes.
A proposta da LFF divulgada nesta terça-feira (6) estabelece que, do total arrecadado, 45% sejam divididos de forma igualitária, 30% sobre performance no campeonato e 25% por apelo comercial. Com isso, segundo o grupo, a diferença máxima de receita entre os clubes não ultrapassará 3,5 vezes.
Como comparativo, a Premier League, vista como principal modelo de liga nacional de futebol no mundo, distribui 50% das receitas de maneira igual, 25% por performance e 25% por exposição. Já a LaLiga segue critério de 50% igualitário, 25% por desempenho e 25% por engajamento.
Apesar da divisão, os principais dirigentes da LFF acreditam que haverá um consenso com os integrantes da Libra.
“Essa conversa com a Libra já existe há algum tempo. Costumo dizer que, comparado a períodos anteriores, estamos mais perto de um acordo. Se você imaginar que antes eram 40 cabeças pensando diferente, hoje são dois grupos”
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza
“Então, se esses dois grupos chegarem a um consenso, vamos avançar. Acho que vamos chegar ao entendimento, mas é preciso um desprendimento, é preciso pensar no maior, no todo, para conseguir avançar”, acrescentou o dirigente.
Outro ponto de discórdia é que a LFF, que tem 12 times da Série B em sua composição, destine 20% da arrecadação para os clubes da segunda divisão. A proposta da Libra é que essa parcela seja de 15%. Atualmente, sob gestão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), apenas 10% do faturamento com patrocínios e direitos de TV fica com os times da Série B.
Integrantes de cada grupo
A Libra é atualmente integrada por 13 times, sendo sete da Série A e seis da Série B do Campeonato Brasileiro. A lista é composta por Botafogo, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Guarani, Ituano, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vasco.
Já o bloco da LFF conta com representantes de 11 estados brasileiros, sendo 13 equipes da Série A e 12 da B. O grupo conta com América-MG, Atlético-MG, Atlético-GO, Athletico-PR, Avaí, Brusque, Ceará, Chapecoense, Coritiba, CRB, Criciúma, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sampaio Corrêa, Sport, Tombense e Vila Nova.
Entre os 40 times que disputam as Séries A ou B do Brasileirão, os únicos que permanecem independentes são Bahia e Grêmio. O tricolor gaúcho já manifestou a intenção de aderir à Libra, porém não formalizou sua entrada.
Nota Liga Forte Futebol
Leia abaixo a íntegra da nota da LFF:
A Liga Forte Futebol (LFF) apresentou, nesta terça-feira, sua proposta para a construção de uma liga a partir de princípios que permitam que o produto “Campeonato Brasileiro” se torne um dos mais relevantes do mundo.
A ideia do grupo formado por 25 clubes das Séries A e B do futebol brasileiro, é que as propostas levem à criação de um campeonato mais competitivo, um produto mais atraente, que maximize receitas e permita que os grandes craques joguem no país, com uma gestão profissional alinhada com o que é praticado nas principais ligas do mundo.
O mercado brasileiro vive um momento único para a construção de uma liga forte. Com uma das maiores populações e uma economia entre as dez maiores do mundo, o país é o único na América do Sul com estádios padrão-Fifa e entre os cinco com mais usuários de internet. Adicionado a disso, além dos tradicionais compradores de direitos, o Brasil ganhou novas empresas de mídias interessadas em investir no futebol brasileiro. Isso cria o cenário propício para ampliar as receitas de todos os clubes.
Na apresentação da LFF, foi possível observar como funcionam as principais ligas do mundo, como é a organização e distribuição de receita das que mais faturam. Existe uma relação direta entre tamanho das receitas e equilíbrio de distribuição entre os clubes. As três maiores ligas esportivas do mundo, NFL, NBA e Premier League são as que têm a distribuição mais equilibrada entre os times.
O objetivo da criação de uma liga é fortalecer o futebol brasileiro, através da maximização das receitas. Os pilares propostos pela Liga Forte Futebol seguem esse objetivo. Os princípios de equilíbrio, performance, mobilidade e incentivo às boas práticas do futebol se juntam aos pilares de controle financeiro, distribuição equilibrada das receitas, compliance e governança.
A divisão de receita proposta pela Liga Forte tem 45% divididos de forma igualitária, 30% sobre performance e 25% por apelo comercial. E com regra de ouro a Liga Forte entende que a diferença máxima de receita entre os clubes não ultrapasse 3,5x.
– Nosso objetivo é ter um modelo que potencialize as receitas do futebol brasileiro, a partir de um produto mais competitivo, fruto de uma divisão de receitas mais equilibrada. Precisamos olhar para frente e decidir se vamos ser uma das 3 maiores ligas do mundo, seguindo os modelos que geraram sucesso no mundo todo, ou se vamos ficar discutindo como manter o futebol brasileiro como mero exportador de talentos, tentando manter os privilégios gerados pelo modelo atual – conclui Mario Bittencourt, presidente do Fluminense.