O Comitê Federal de Apelações, reunido na sede da Federação Francesa de Futebol (FFF), aceitou recurso do Lyon e não irá rebaixar o clube à segunda divisão do Campeonato Francês. O clube, que faz parte da Eagle Football Holdings Limited, de John Textor, mesmo dono do Botafogo, tinha sido punido no mês passado por má gestão.
A punição havia sido dada pela Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG) da Liga de Futebol Profissional da França (LFP) por causa da dívida acumulada de € 175 milhões pelo clube. Para assegurar a permanência na elite, o Lyon irá pagar multa de € 12,5 milhões e está sujeito a outra penalidade de € 50 milhões caso não cumpra as regras de Fair Play Financeiro da França até 2027.
Como forma de aplacar a crise, Textor havia renunciado à presidência do Lyon no último dia 30. Em seu lugar, assumiram a gestão do clube Michael Gerlinger, nomeado novo CEO, e Michele Kang, que se tornou presidente do Conselho. Michele é dona do time feminino do Lyon e sócia do norte-americano.
“O Olympique Lyonnais comemora a decisão de hoje da DNCG de manter o clube na Ligue 1. O OL agradece ao Comitê de Apelações por reconhecer a ambição da nova administração do clube, determinada a garantir uma gestão séria no futuro”, informou o Lyon, em comunicado oficial.
A permanência na primeira divisão ratifica a vaga do clube na Liga Europa na próxima temporada. O Lyon já havia entrado em acordo com a Uefa para conseguir disputar a competição, cuja vaga conquistou com a sexta colocação na Ligue 1, o Campeonato Francês.
No entanto, a decisão de permanência na elite garante que não haverá uma possível contestação judicial da vaga na competição continental.
Audiência
A audiência no DNCG teve a presença de Gerlinger e Michele, novos gestores do Lyon, além de Mark Affolter, da Ares Management, investidora e parceira de Textor na compra do Lyon. A delegação da equipe foi de nove pessoas, que chegaram à sede da FFF em dois veículos.
Segundo o jornal L’Équipe, os representantes do time preferiram fazer uma chegada discreta, por volta das 10h (horário local). A sessão, que não teve a presença da imprensa, durou mais de duas horas e meia.
O grupo deixou o local em uma van com vidros escuros, sem fazer declarações à imprensa, por volta das 13h20, após o fim da audiência.
Com nova administração, embora permaneça sob controle de Textor, o clube afirma que irá cumprir as condições combinadas com o órgão regulatório francês.
“A decisão de hoje é o primeiro passo para restaurar a confiança no Olympique Lyonnais. Agora podemos concentrar nossa atenção em nossos objetivos esportivos e nos preparar totalmente para a próxima temporada”, afirmou o Lyon, em seu comunicado.
Condições
Além da multa, o Lyon também terá que seguir outras condições para evitar punições futuras. De acordo com o L’Équipe, clube necessita de um investimento inicial de € 100 milhões, além de apresentar mais € 100 milhões em garantias financeiras para fazer frente com seus débitos ao longo da próxima temporada.
Os recursos para isso podem vir da venda da participação minoritária de Textor no Crystal Palace, da Inglaterra. O empresário, dono de 43% do clube londrino, já anunciou o negócio. A saída de Textor também permitiria ao Crystal Palace disputar a Liga Europa, vaga obtida com o título da Copa da Inglaterra.
No entanto, a regra tem sido bem porosa. Já houve exceções em várias competições europeias. O RB Leipzig (Alemanha) e o Red Bull Salzburg (Áustria) já disputaram a mesma edição da Champions League e da Europa League, por exemplo. Pela investigação do Controle Financeiro de Clubes da Uefa (CFCB, na sigla em inglês), a Red Bull seria dona do time alemão e apenas patrocinadora da equipe austríaca.
Outras exceções aconteceram com Brighton (Inglaterra) e Union Saint-Gilloise (Bélgica), ambos do empresário Tony Bloom, e Aston Villa (Inglaterra) e Vitória de Guimarães (Portugal), pertencentes à V Sports. O caso mais famoso aconteceu na última temporada, com Manchester City (Inglaterra) e Girona (Espanha), ambos clubes do City Football Group (CFG).