Com dívidas de mais de R$ 107 milhões, o Avaí formalizou nesta segunda-feira (17) um pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC).
O time também vive má fase dentro das quatro linhas. Neste ano, a equipe não passou das quartas de final do Campeonato Catarinense, sendo eliminado pelo Criciúma ainda nas quartas de final. A equipe do interior acabaria sendo campeã estadual.
A equipe caiu para a Série B do Brasileirão na última temporada. Na estreia na segunda divisão deste ano, na última sexta-feira (14), o time acabou goleado por 4 a 1 pelo Guarani, jogando no estádio Brinco de Ouro, em Campinas.
Fôlego financeiro
Com o pedido de recuperação judicial, o clube espera conseguir fôlego financeiro para dar conta do fluxo de caixa e renegociar suas dívidas.
“No último ano, trabalhamos diariamente na reestruturação financeira do Avaí. Acompanhamos de perto a execução orçamentária, buscando o equilíbrio de receitas e despesas do dia a dia. Não assumimos novas dívidas e estamos com os salários em dia”
Júlio Cesar Heerdt, presidente do Avaí
“Apesar disso, os juros fazem o endividamento seguir crescendo. A medida adotada traz segurança para os atletas, funcionários e fornecedores do clube”, acrescenta o dirigente.
Segundo Heerdt, a negociação dos débitos vai permitir que os gestores organizem os pagamentos e trabalhem sem sobressaltos na recuperação da saúde financeira do Avaí.
“Avaliamos a situação a fundo e concluímos que essa era a melhor opção possível. Vamos honrar nossos compromissos”, afirma o presidente do time catarinense.
Dívidas
O levantamento das dívidas foi feito por consultoria externa com acompanhamento de conselheiros e mostrou que a manutenção do atual cenário inviabilizaria a recuperação financeira do Avaí.
A situação é agravada pelo custo de juros e encargos das dívidas acumuladas e por pedidos frequentes de penhora de receitas do clube apresentados por credores.
Advogado especializado no tema, Marcos Andrey de Sousa diz que a recuperação judicial permite a credores e devedor negociarem a melhor solução para as dívidas acumuladas. Depois que o judiciário aceitar o pedido do clube, será necessário ter um plano de pagamentos aprovado pelos credores.
“Eles terão a segurança jurídica de recebimento dessas dívidas”, afirma o advogado.
Andrey lembra que há um número crescente de empresas e associações, como os clubes de futebol, utilizando a recuperação judicial.
“Antigamente era muito comum os gestores acreditarem na possibilidade de rolar dívidas indefinidamente. Isso mudou bastante com o avanço e a digitalização dos meios de cobrança. Hoje o judiciário faz a penhora de receitas diretamente na conta bancária do devedor”, conta ele.
Por outro lado, a legislação brasileira sobre o tema é moderna e foca em preservar a capacidade de atuação da instituição em recuperação financeira, o que é essencial para que os credores recebam seus pagamentos.
Apoio
O presidente do Avaí pede apoio da torcida e dos sócios para esse momento delicado nas finanças do clube, que neste ano completa 100 anos no dia 1º de setembro.
“O ano do centenário será também o ano da reconstrução do Avaí, de preparar o clube para as próximas décadas. Por isso precisamos do apoio da arquibancada para termos os resultados que esperamos em campo e podermos seguir com esse trabalho fundamental para o futuro do Leão da Ilha”, afirma Heerdt.