Novo regulador do governo britânico pode vetar clubes de ingressar em ligas separatistas

O governo britânico planeja estabelecer um regulador independente para o futebol inglês com poder de impedir que os clubes ingressem em ligas separatistas como a Superliga Europeia. Além disso, também conduzirá “uma investigação mais forte sobre as fontes de riqueza”, em uma clara referência a clubes mantidos com dinheiro de governos ditatoriais.

Em abril de 2021, Manchester United, Liverpool, Manchester City, Chelsea, Tottenham e Arsenal integraram o grupo de 12 clubes que divulgaram a intenção de criar uma Superliga Europeia. O projeto fracassou apenas dois dias depois do anúncio, após uma resposta furiosa dos torcedores, que se juntaram às ligas nacionais, à Uefa e à Fifa.

O regular britânico teria o poder de impedir que os clubes ingleses “ingressassem em novas competições que não atendessem a um critério predeterminado”.

Teste para donos

Outra das medidas anunciadas pelo governo britânico é um teste para novos proprietários e diretores dos clubes, incluindo “uma due diligence mais forte sobre fontes de riqueza e um requisito para um planejamento financeiro robusto”.

A realização do teste de proprietários e diretores da Premier League foi criticada como insuficiente, assim como um teste semelhante administrado pela Liga Inglesa de Futebol devido a dificuldades financeiras e má gestão em vários clubes.

Ativistas de direitos humanos criticaram a aquisição do Newcastle pelo Fundo de Investimento Público (PIF), estatal da Arábia Saudita, em outubro de 2021. Também foram levantadas preocupações sobre o interesse do banqueiro Sheikh Jassim bin Hamad Al Thani, do Catar, no Manchester United.

Uma cláusula de direitos humanos no teste de proprietários e diretores proposta pela Anistia Internacional em agosto de 2020 ainda não foi adicionada às regras do futebol inglês.

Torcedores

Entre as propostas para a legislação futura também há uma maior representação dos torcedores e uma distribuição mais justa do dinheiro arrecadado pelo futebol inglês.

“As mudanças colocariam os torcedores de volta ao coração do futebol, protegeriam a rica herança e tradições dos nossos amados clubes e salvaguardariam o belo jogo para as gerações futuras”, afirmou o primeiro-ministro Rishi Sunak.

Crítica velada

A Premier League disse que “consideraria cuidadosamente o plano do governo” com seus 20 clubes e argumentou que faria da Inglaterra “a primeira grande nação a tornar o futebol uma indústria regulamentada pelo governo”.

A liga inglesa alega que já estava fortalecendo suas regras de propriedade e fornecendo £ 1,6 bilhão (R$ 9,94 bilhões, na cotação atual) em apoio financeiro ao “jogo mais amplo” em um ciclo de três anos.

“Agradecemos o compromisso do governo em proteger o sucesso contínuo da Premier League. É vital que a regulamentação não prejudique o jogo que os torcedores adoram assistir na pirâmide profissional mais profunda do mundo, ou sua capacidade de atrair investimentos e aumentar o interesse em nosso jogo”, afirmou a entidade, em nota oficial.

“Vamos agora trabalhar de forma construtiva, com as partes interessadas, para garantir que o regulador do governo proposto não leve a consequências não intencionais que possam afetar a posição da Premier League como a liga de futebol mais assistida do mundo, reduzir sua competitividade ou colocar os níveis incomparáveis ​​de financiamento, que hoje temos, em risco”, acrescentou.

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