A classificação do Chelsea, no último sábado (28), para enfrentar o Palmeiras nas quartas de final da Copa do Mundo de Clubes, foi acompanhada de um grande contratempo. O duelo com o Benfica esteve por quase 2 horas (exatos 113 minutos) paralisado por ameaça de temporal.
A tempestade caiu, de fato, logo após a partida, mas foi de reclamações do técnico Enzo Maresca, dos Blues.
“É uma piada”, declarou o treinador, mesmo depois de ver seu time vencer o Benfica por 4 a 1.
Foi a sexta interrupção de partida da Copa do Mundo de Clubes 2025, sendo a paralisação do jogo do Chelsea a segunda mais longa do torneio.
No total, os jogos somaram 8 horas e 17 minutos de interrupção, o que dá uma média de quase 1 hora e 23 minutos por partida que enfrentou esse problema. É uma quebra de ritmo considerável e que os jogadores de futebol não estão acostumados a enfrentar.
Protocolo
O protocolo federal para interromper eventos ao ar livre foi estabelecido após uma tragédia que aconteceu durante uma corrida da Nascar, a Stock Car dos EUA. No dia 5 de agosto de 2012, no Autódromo de Pocono, na Pensilvânia,
O motivo é um protocolo federal vigente no país para eventos esportivos ao ar livre. E a origem foi uma tragédia, ocorrida em 5 de agosto de 2012 no Autódromo de Pocono, na Pensilvânia, durante uma etapa da Nascar.
Brian Zimmerman, torcedor de 41 anos, morreu após ser atingido por um raio no estacionamento do circuito alguns minutos após o fim da prova. Nove pessoas também ficaram feridas, uma delas em estado grave.
Após a fatalidade, foram estabelecidas regras para a ameaça de tempestade, que incluem a paralisação de eventos ao ar livre toda vez que houver rios a 13 km de distância do local. Os jogos só podem ser retomados após 30 minutos sem raios no céu.
Interminável
Não foi a primeira vez que o Benfica viu um jogo seu nos EUA ser paralisado. O time português também já havia protagonizado a suspensão de partida mais longa do torneio até o momento.
Na segunda rodada da fase de grupos, o jogo contra o Auckland City teve um intervalo adicional de 2 horas e 14 minutos por causa das condições climáticas adversas em Orlando, na Flórida. O time português goleou por 6 a 0.
“Para mim, não é futebol”, reclamou Maresca durante entrevista coletiva após o jogo das oitavas de final do Chelsea contra os benfiquistas.
De fato, o duelo foi interrompido quando faltavam apenas 4 minutos para o fim do tempo regulamentar. A volta das equipes ao vestiário quebrou completamente o ritmo da partida.
No retorno, quase duas horas depois, o Benfica conseguiu um pênalti salvador. Di Maria empatou o jogo aos 50 minutos do segundo tempo, levanto o confronto para a prorrogação.
No tempo extra, o time português perdeu Prestianni, expulso por falta boba na lateral direita do campo logo aos 2 minutos da prorrogação. Com um homem a menos, os Encarnados não conseguiram segurar o placar, sofrendo mais três gols na prorrogação.
Nem a vitória foi o suficiente para satisfazer o técnico do Chelsea, irritado com jogo que teve início às 16h (horário local) e só foi encerrado às 20h38, após intermináveis 278 minutos de disputa. Ou seja, o equivalente ao tempo regulamentar de mais de três partidas.
“Já são sete, oito ou nove [na verdade foram seis] jogos que eles [organizadores] suspenderam. Entendo que, por razões de segurança, vocês suspendam o jogo. Mas se suspenderam sete, oito jogos, isso significa que provavelmente este não é o lugar certo para realizar a competição”, defendeu o treinador italiano.
Questionado se ao dizer que o local não era adequado, o treinador se referia a Charlotte, local da partida, ou aos EUA de maneira geral, Maresca foi reticente.
“Estou dizendo que, se nesta competição já suspenderam seis, sete, oito jogos, provavelmente há algo que não esteja funcionando bem. Porque no futebol não é normal suspender um jogo”, declarou.
Copa 2026
As reclamações do treinador não foram noticiadas no site da Fifa, que até agora pouco se pronunciou sobre o problema.
“Numa Copa do Mundo, quantos jogos são suspensos? Zero, provavelmente. Na Europa, quantos jogos? Zero”, acredita o técnico do Chelsea.
Não é bem assim. As constantes paralisações põem em xeque a programação das TVs que pagaram algumas dezenas ou centenas de milhões de dólares pelos direitos de transmissão da Copa do Mundo de seleções de 2026, que será disputada justamente nos EUA, México e Canadá.
Há ainda um agravante: será a primeira edição do Mundial da Fifa com a participação de 48 seleções. Portanto, com muito mais jogos a serem transmitidos, o que pode encavalar a programação da TV aberta, por exemplo.
“A Fifa continuará monitorando as condições climáticas em coordenação com as equipes locais para garantir uma experiência segura e agradável para todos os envolvidos”, afirmou a entidade que comanda o futebol, sobre os problemas climáticos durante a Copa do Mundo de Clubes.

Palmeiras
No Mundial 2025, por ora, o único time brasileiro que teve uma partida paralisada foi o Palmeiras. O jogo diante do Al Ahly, do Egito, em Nova Jersey ficou 45 minutos interrompido por causa de um alerta climático. A interrupção, ocorrida sem cair uma gota de chuva no MetLife Stadium, aconteceu logo após o atacante Flaco López marcar o segundo gol do Verdão.
O evento adverso não chegou a prejudicar o time brasileiro, que segurou com eficácia o resultado no retorno da partida.
Parada dupla
Não foi só o Benfica a ser premiado com mais de uma interrupção de jogo durante o Mundial da Fifa. Outro time que teve duas de suas partidas interrompidas foi o Auckland City.
Além da goleada sofrida justamente para o time lisboeta, a equipe neozelandesa viu a paralisação no confronto com o Boca Juniors aos 9 minutos do segundo tempo, quando empatava com os argentinos por 1 a 1.
No retorno, o Boca não conseguiu furar o bloqueio defensivo do Auckland, time semiamador, que pôde comemorar seu primeiro e único ponto na competição. Pela façanha, também levou US$ 1 milhão em premiação para casa.
Outros jogos
Os demais jogos suspensos também aconteceram no lado leste do mapa dos EUA. Na vitória dos sul-africanos do Mamelodi Sundowns sobre os sul-coreanos do Ulsan, por 1 a 0, o jogo em Orlando sofreu suspensão de 65 minutos.
Menos sorte tiveram Pachuca e Red Bull Salzburg, que viram o confronto ser interrompido por longas 1 hora e 40 minutos. O time austríaco vencia por 1 a 0. Na volta, viu os mexicanos empatarem com Bryan González. Onisiwo marcou o gol da vitória para o time de Salzburg.