A Ponte Preta teve muitos motivos para comemorar nas últimas semanas. A vitória sobre o Guarani, no sábado (11), por 2 a 0, garantiu o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro em 2026. Além disso, também eliminou o rival de Campinas (SP), que passará mais uma temporada na terceira divisão. E, de quebra, garantiu vaga na final da Terceirona, podendo, inclusive, decidir em casa. No último sábado (18), no jogo de ida, o time ficou no empate por 0 a 0 diante do Londrina.
Nos negócios, o clube vê a subida à Bezona como uma impulsionadora para o crescimento comercial no ano que vem.
O clube havia fechado 2024 com R$ 12 milhões em receitas de marketing, patrocínios e permutas. Neste ano, por conta do rebaixamento à Série C, esse valor teve uma queda de 33%, atingindo cerca de R$ 8 milhões.
“A visibilidade da Série C é menor. Tínhamos dúvida de como seria a transmissão do torneio. A Band entrou com o campeonato em andamento. Começou com jogos no Nosso Futebol, que no meio do caminho virou SportyNet”, lembrou André Sales, diretor de marketing da Ponte Preta, em entrevista à Máquina do Esporte.
Patrocínio
A Ponte Preta manteve parceiros como Desktop, Cortag e Zé Delivery, mesmo com o descenso. A EstrelaBet, que era patrocinadora máster, deixou o clube por decisão estratégica da empresa, que abandonou várias parcerias e acabou mantendo apenas uma, com o Criciúma.
Em fevereiro, a Gingabet foi anunciada para ocupar essa propriedade, com contrato até o final do Paulistão 2026.
“A meta para o patrocínio máster era manter os mesmos valores de 2024. Sabíamos que não seria possível, mas tentamos”, contou Sales.
“Estamos felizes com a parceria. Recentemente, houve uma troca de comando [na empresa] e nos aproximamos ainda mais”, acrescentou.
O clube pretende dobrar a receita de marketing em 2026, retomando ou até superando o patamar de R$ 12 milhões que havia arrecadado em 2024, quando caiu para a Série C.
Para 2026, o executivo conta que tem feito contatos com várias empresas interessadas em firmar parceria com o clube. Em uma cidade de 1,1 milhão de habitantes e com 3,6 milhões em sua Região Metropolitana, o dirigente acredita que possa firmar contratos vantajosos, apostando na grande quantidade de empresas fortes que atuam nas redondezas.
“Temos algumas portas no horizonte interessantes. Já recebemos contato de empresas internacionais e agências de fora do Brasil. Vejo isso num macro. Está acontecendo com o futebol brasileiro, que está se organizando. O mundo inteiro está de olho no Brasil”, analisou.
Digital
A comunicação digital da Ponte Preta teve um crescimento expressivo na reta final da temporada. Segundo o clube, houve a conquista de 3 mil novos seguidores no Instagram em dez dias. As publicações alcançaram 23 milhões de impressões na plataforma em 30 dias.
“O post do acesso teve 1,5 milhão de audiência. Sempre que entregamos conteúdo, embarcamos a marca do parceiro comercial junto”, ressaltou Diego Almeida, consultor de marketing do clube.
Atualmente, no Ranking Digital dos Clubes Brasileiros, feito pelo Ibope Repucom, a Ponte ocupa a 37ª posição, com 796.991 seguidores em suas cinco principais redes sociais (Facebook, Instagram, X, YouTube e TikTok).
Entre as ativações replicadas no digital ao longo do ano, houve ações com a Desktop, como entrega de camisas por jogadores na casa de torcedores e campanhas com distribuição de brindes para novos sócios-torcedores.
A base de dados do clube conta, hoje, com 42 mil torcedores identificados, o que representa cerca de 10% da torcida estimada da equipe na Região Sudeste. O clube acredita que esses dados podem ser estratégicos nas conversas com novos parceiros comerciais, especialmente com empresas que atuem na região.
Finanças
Apesar de suas dívidas, o clube não optou por utilizar mecanismos como recuperação judicial. A Ponte Preta tem optado pelo regime de execução centralizada em diferentes esferas. Segundo a diretoria, a dívida total gira entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões.
“Tem contestações jurídicas que a Ponte faz, que ganhou em algumas instâncias [da Justiça]. O clube briga para reconhecer débitos em valores menores”, disse Sales.
Segundo o executivo, a receita anual do clube em 2025 deve ficar entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões, com despesas de R$ 50 milhões, o que gera um déficit significativo no ano.
“Se você quer subir, tem que ter esse patamar”, defendeu o diretor.
Eleições
A Ponte Preta terá eleições no dia 20 de novembro, com a atual diretoria tendo como principal trunfo o acesso à Série B, embora tenha oposição. Sales afirmou que montará um planejamento para o ano que vem, caso a diretoria atual seja mantida ou outro grupo assuma o poder.
“No ano passado, chegamos com dois planos de marketing, caso o clube se mantivesse na Série B ou fosse rebaixado. É bem desafiador”, comentou.
LFU
A Ponte Preta é mais um clube da Série B de 2026 que integra a Liga Forte União (LFU). O bloco conta com ampla maioria na Segundona, que deve ser mantida no ano que vem, mesmo tendo ainda vagas a serem definidas com rebaixamentos e acessos.
Além da Ponte Preta, o Londrina, que também subiu e enfrenta o time paulista na final da Terceirona, também faz parte da LFU.
A Macaca aderiu ao grupo em 2024, acompanhando o movimento de clubes do estado de São Paulo que deixaram a Libra, casos de Ituano, Mirassol e Novorizontino, além do Botafogo-SP, que se mantinha independente até então.
A equipe já negociou parte de seus direitos comerciais por 50 anos com os investidores da Liga Forte União.
“A LFU exigiu investimento em estrutura, e construímos mais três campos no nosso Centro de Treinamento”, enfatizou Sales.