O paraguaio Alejandro Domínguez, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), é alvo de investigação do Comitê de Ética da Fifa, após uma denúncia de corrupção feita pelo coletivo de jornalistas paraguaios Sin Falta. Pelo Twitter, o grupo detalhou a denúncia de que Domínguez teria aceitado suborno quando era presidente da Federação Paraguaia para negociar jogos da seleção local durante as Eliminatórias da Copa do Mundo.
O dirigente teria vendido um contrato de direitos de TV por menor valor em troca de “comissões secretas”. A empresa uruguaia Tenfield ofereceu um acordo de US$ 17 milhões pelos jogos. Mas Domínguez, estranhamente, decidiu assinar com a Ciffart, companhia paraguaia, que havia feito uma oferta de quase US$ 8 milhões.
Esquema
De acordo com o jornal alemão Die Welt, por trás da Ciffart estava a argentina Full Play, que controlou esses direitos de mídia por vários anos. Segundo investigações, o modelo de negócio era que os presidentes das federações nacionais cediam sempre às mesmas empresas os direitos de transmissão. Em troca, recebiam propina.
Domínguez teria sido denunciado por Alejandro Burzaco, ex-CEO da Torneos y Competencias, empresa argentina de marketing esportivo. O executivo chegou a um acordo com a Justiça dos Estados Unidos e se tornou um dos principais informantes da polícia no caso Fifagate.
Em seus depoimentos, Burzaco deu detalhes do pagamento de propina feito pela Torneos (também conhecida por TyC), Fullplay e a brasileira Traffic, do empresário J. Hawilla, que morreu em 2018. Em fevereiro, Burzaco voltou ao noticiário após uma série de denúncias que gerou a prisão de Carlos Martínez, executivo da Fox.
Essas negociatas duraram décadas e são objeto de investigação do FBI (polícia federal dos Estados Unidos) desde maio de 2015, quando agentes invadiram um hotel de luxo em Zurique, na Suíça, que sediava um Congresso da Fifa.
A Justiça já examina acusações de pagamento de propina a Domínguez desde 2017. No entanto, nunca foi apresentada acusação formal contra o dirigente. O texto do Die Welt, porém, não deixa claro se as declarações de Burzaco são atuais ou foram feitas em 2017.
Procurado pelo jornal alemão durante o Congresso da Fifa, realizado em Ruanda, na África, Domínguez não se pronunciou.