Proposta de investidora pode rachar criação de liga brasileira de futebol

Dirigentes dos clubes da Libra em reunião na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), em São Paulo (SP) - Rodrigo Corsi / FPF

A chegada de investidores estrangeiros para a criação da liga brasileira de futebol pode determinar o racha definitivo entre Liga do Futebol Brasileiro (Libra) e Liga Forte Futebol (LFF). Isso porque, segundo a Máquina do Esporte apurou, a Mubadala Capital, que fez proposta à Libra, não admite haver outra investidora na liga.

A Mubadala ofereceu US$ 900 milhões (R$ 4,7 bilhões, na cotação atual) para adquirir 20% dos direitos comerciais da competição por 50 anos. Esse valor depende da adesão de todos os times da Série A. O contrato está em fase final de ajustes, sendo examinado pelo departamento jurídico dos clubes, e deve ser assinado nos próximos meses.

O fundo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, é um dos maiores do planeta, com ativos de US$ 284 bilhões. No Brasil, entre os investimentos da Mubadala está a aquisição da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, comprada da Petrobras por R$ 1,8 bilhão em 2021.

Perda de ativos

A posição da Mubadala é não compor com outra empresa como investidora da liga brasileira, cuja unificação ainda parece distante. A Libra conta hoje com 18 clubes, sendo 11 da Série A, entre os quais estão Flamengo, Corinthians, São Paulo, Vasco e Palmeiras. Já a LFF tem a adesão de 26 equipes, sendo nove da elite, com destaque para Atlético-MG, Fluminense, Internacional e Athletico-PR.

Caso não obtenha a aprovação dos 40 times das Séries A e B do Brasileirão, a Mubadala deve fazer uma renegociação do contrato em termos bem menores. Nesse caso, a investidora teria direito a menos ativos, como direitos de transmissão dos times que integram a Libra, por meio da lei do mandante, e placas publicitárias nos estádios desses clubes.

Não haveria como vender os naming rights e patrocínios do campeonato, direitos de transmissão de toda a liga para as diversas plataformas (TV aberta, fechada e streaming) no Brasil e no exterior, direitos de imagem para séries documentais, como as que costumam fazer sucesso na Netflix, álbum de figurinhas, NFTs e fan tokens do torneio, entre outras possibilidades.

Serengeti

O problema também em relação ao acordo com a Mubadala é que a Liga Forte Futebol já tem sua própria investidora. A LFF já assinou contrato com a gestora brasileira Life Capital Partners e a norte-americana Serengeti Asset Management para a venda de 20% da liga em um contrato que pode chegar a US$ 950 milhões (R$ 4,98 bilhões).

No entanto, essa proposta só vale se houver a adesão dos 40 clubes das Séries A e B. Caso isso não aconteça, o valor cairia para US$ 440 milhões (R$ 2,3 bilhões), com a adesão apenas dos times da LFF.

Segundo a Máquina do Esporte apurou, esse contrato permite que haja composição com outra investidora. Ou seja, os clubes da LFF não teriam problema em selar a união com a Libra e negociar com dois fundos de investimento.

O entrave seria convencer a Mubadala, que é uma investidora de porte muito maior do que a Serengeti. A empresa norte-americana conta com ativos de US$ 1,3 bilhão. Ou seja, a proposta da investidora para a LFF equivale a mais de 70% de seu capital. Apesar disso, a Serengeti já teria conseguido captar dinheiro no mercado para realizar esse aporte para os clubes brasileiros.

Da parte de Libra e LFF há a expectativa de que, no momento em que as investidoras começarem a liberar dinheiro aos clubes, sejam capazes de atrair integrantes do grupo rival. Já as propostas de cada uma para a divisão de receitas da liga ainda estão distantes de um entendimento.

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