O St. Pauli, clube de Hamburgo, que disputa a segunda divisão da Bundesliga, trocou o logotipo da patrocinadora máster, a empresa de telefonia Congstar, por uma mensagem contra o racismo na camisa do time no jogo contra o Kaiserslautern, disputado no último domingo (12). O uniforme trouxe sorte, já que o time venceu por 1 a 0 e ocupa a nona colocação no torneio.
A tradicional camisa marrom do St. Pauli contou com os dizeres “kein platz für rassismus” (“sem lugar para o racismo”, em tradução livre). A iniciativa da equipe, que é conhecida por abraçar causas sociais, foi vinculada à campanha que pede por maior diversidade nas empresas e pelo fim do preconceito racial na hora de contratar funcionários.
“Uma área em que muitas vezes as pessoas não têm as mesmas oportunidades devido a preconceitos sobre a cor da pele, o nome ou a origem é a procura de emprego. Os afetados são sistematicamente excluídos precisamente quando os jovens estão tentando ganhar uma posição na sociedade. Esses fatos têm um efeito negativo sobre os planos de vida das pessoas, não por culpa delas”, destacou o clube alemão, em seu site oficial.
A campanha ainda contou com uma live na rede social corporativa LinkedIn e também no YouTube nesta terça-feira (14) para discutir o problema na Alemanha. Também foram comercializadas as camisas da ação, sendo que € 10 mil arrecadados nas vendas serão repassados à Kiezhelden, braço social do clube hamburguês, para serem usados em campanhas contra o racismo e a discriminação.
Racismo
O que o clube não esperava é que dois de seus jogadores fossem alvo justamente de racismo. O brasileiro Maurides e o inglês Oladapo Afolayan, ambos atacantes, foram insultados pela torcida rival. Maurides, que é irmão mais novo do zagueiro Maicon, do Santos, foi atacado nas redes sociais. Afolayan também teria recebido insultos raciais de torcedores.
“O racismo não tem lugar no Millerntor [estádio do St. Pauli] e não pode ser justificado por nada. Isso deve se aplicar a todos os estádios, torcidas e nas chamadas mídias sociais”
Mensagem do St. Pauli, em seu site oficial
Para o St. Pauli, os incidentes mostraram de “uma forma amarga como é importante falar e se posicionar continuamente contra o racismo”.
O Kaiserslautern, por sua vez, também condenou os insultos contra o jogador brasileiro.
“Gostaríamos de pedir desculpas a Maurides em nome do Kaiserslautern pelas gafes que ocorreram em comentários nas redes sociais contra ele. Tal comportamento é completamente incompatível com os valores do Kaiserslautern”, afirmou o time alemão, em sua conta no Twitter.
A torcida do St. Pauli postou uma faixa no centro de treinamento do clube em apoio a Maurides e Afolayan com os dizeres “Diga não ao racismo! YNWA [sigla de You’ll never walk alone, música que é um dos lemas do clube], Maurides e Dapo [apelido de Afolayan]!”.
Com passagens por Internacional, Atlético-GO e Figueirense, entre outros clubes, Maurides chegou ao St. Pauli na última janela de transferências vindo do Radomiak Radom, da Polônia.