A UEFA estuda mudar a sede da final da Champions League pela terceira vez consecutiva. Enquanto em 2020 e 2021 o motivo foi a pandemia, dessa vez é a tensão crescente entre Rússia e Ucrânia que pode levar a entidade a tirar a decisão do Estádio Krestovsky, em São Petersburgo, na Rússia, onde está marcada para o dia 28 de maio.
Originalmente, a cidade russa receberia a final da principal competição de clubes do mundo em 2021, mas a pandemia modificou os planos. Tanto a final de 2020 como a de 2021 foram em Portugal, nas cidades de Lisboa e Porto, respectivamente. Dessa forma, Istambul, na Turquia, que receberia em 2020, ficou para 2023, enquanto São Petersburgo ficou para 2022.
Por enquanto, uma das opções para uma possível nova sede é o Estádio de Wembley, na Inglaterra, que estava prevista para receber a decisão em 2023, mas que, com todas as mudanças, acabou sendo adiada para 2024.
Sede da maior companhia de gás natural do mundo, a Gazprom, que é patrocinadora da Champions, São Petersburgo está sendo monitorada, assim como toda a situação política que envolve não só Rússia e Ucrânia como também outros países ocidentais, como Estados Unidos, França e Reino Unido.
Esta não é a primeira polêmica envolvendo Gazprom, Rússia e Ucrânia em uma final de Champions. Em 2018, com a final no Estádio Olímpico de Kiev, na Ucrânia, todos os patrocinadores do torneio fizeram uma série de ativações pela cidade, com exceção da empresa russa.
O problema foi a baixa aceitação da população de Kiev em ver logotipos da Gazprom espalhados pela capital ucraniana. Como em alguns lugares a imagem foi arrancada ou tapada, decidiu-se por retirar as referências da empresa nos eventos da Champions. No Champions Festival e até mesmo em cartazes no aeroporto, em que todos os patrocinadores apareciam, a companhia russa ficou de fora, como se não patrocinasse o torneio de fato.
Rússia e Ucrânia vivem um conflito armado em vigência, iniciado em 2014 quando o exército russo invadiu a Crimeia. À época, Moscou alegou que havia russos em repressão no leste ucraniano, país é culturalmente e historicamente próximo à Rússia.
Até 1991, o território ucraniano fazia parte da União Soviética, mas o pedido de independência aconteceu após a realização de um plebiscito. A disputa com a Rússia se manteve ao longo das últimas duas décadas e, pouco antes da invasão à Crimeia, o presidente Viktor Yanukovych foi deposto por se recusar a se aproximar da União Europeia ao mesmo tempo em que tentava se aliar justamente aos russos.
No conflito armado de 2014, centenas de ucranianos perderam suas vidas na praça central de Kiev. O local é, até hoje, uma espécie de cemitério a céu aberto, com diversas homenagens nas calçadas, como fotos, velas e artigos religiosos de todos os tipos espalhados dos dois lados de uma das principais ruas da capital ucraniana.