A Uefa anunciou uma nova rodada de apoio humanitário à Faixa de Gaza por meio da Uefa Foundation for Children. A iniciativa inclui parcerias com três organizações internacionais (Médicos do Mundo, Médicos Sem Fronteiras e Handicap International), com foco em assistência médica, distribuição de alimentos e apoio psicossocial para crianças afetadas pelo conflito.
Segundo a entidade, os projetos visam a aliviar o sofrimento infantil em meio ao que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, classificou como “uma catástrofe humanitária de proporções épicas”.
A ação amplia o escopo da fundação, que já atua em zonas de conflito como Ucrânia, Sudão, Líbano, Síria, Iêmen e Afeganistão.
“Seja qual for a intenção dos adultos que travam guerras, as crianças são inocentes”, afirmou Aleksander Ceferin, presidente da Uefa.
“Mas, em todos os conflitos, elas morrem todos os dias. Devemos fazer o que pudermos para ajudar aqueles que tentam tornar a vida delas mais tolerável e normal”, acrescentou o dirigente.
“É nosso dever, como adultos, pais, vizinhos e seres humanos, estar ao lado das crianças quando elas precisam de nós. Às vezes, até o menor gesto pode lembrá-las de que não estão sozinhas, que não foram esquecidas e que são valorizadas”
Aleksander Ceferin, presidente da Uefa
Críticas
A ação da Uefa ocorre quase dois anos após o início do conflito e dias após a morte do ex-jogador Suleiman Al-Obeid, conhecido como o “Pelé da Palestina”, durante um ataque israelense, enquanto aguardava ajuda humanitária em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
Segundo a Associação Palestina de Futebol, ele foi baleado pelas forças israelenses. Al-Obeid tinha 40 anos, e deixou esposa e cinco filhos. Ele disputou 24 partidas pela seleção palestina, marcando dois gols.
Em razão do trágico incidente, a Uefa publicou uma nota de pesar, dias depois, em suas redes sociais: “Adeus a Suleiman Al-Obeid, o ‘Pelé Palestino’. Um talento que deu esperança para incontáveis crianças, mesmo nos tempos mais duros”.
A homenagem gerou críticas do atacante egípcio Mo Salah, do Liverpool, que questionou a ausência de informações sobre as circunstâncias da morte.
“Pode nos dizer como ele morreu, onde e por quê?”, escreveu Salah, em resposta à publicação da Uefa, dois dias antes do anúncio da ação da entidade na Palestina.
O ex-jogador Eric Cantona, ídolo do rival Manchester United, também se manifestou, acusando o exército israelense de genocídio.
“Israel acaba de matar o craque da seleção palestina Suleiman Al-Obeid enquanto esperava por ajuda em Rafah. Ele era apelidado de ‘Pelé da Palestina’. Por quanto tempo mais vamos deixá-los cometer esse genocídio?”, publicou o francês em sua conta no Instagram.
Segundo a Associação Palestina de Futebol, desde o início da guerra, em outubro de 2023, 662 atletas e dirigentes palestinos foram mortos, e 288 instalações esportivas foram destruídas.