Ainda sem ter saído do papel, a liga de clubes do futebol brasileiro ganhou mais um intermediário disposto a buscar investidores para o projeto de criação de uma entidade que negocie os direitos comerciais dos Campeonatos Brasileiros das Séries A e B.
O fundo de investimentos XP foi mais um a oficialmente se mostrar disposto a achar um investidor que esteja disposto a fazer um investimento inicial para se tornar dono de uma porcentagem da liga.
Em entrevista à Folha de São Paulo, Pedro Mesquita, sócio da XP que tem tomado a frente das operações envolvendo o futebol (foi ele quem articulou as vendas das SAFs de Cruzeiro e Botafogo), afirmou que o fundo quer ser um intermediário na busca por investidores na liga.
“Nós não temos interesse em tocar a liga e não seremos parte do funcionamento da liga no futuro. O que queremos fazer é formatá-la, trazer o investidor, e que os clubes possam se estruturar. Nós não somos uma empresa que pretende ser gestora da liga”, declarou Mesquita em entrevista à Folha.
De acordo com o executivo, a XP deve ter todo o modelo da liga formatado e com investidor disposto a colocar dinheiro no projeto até o final de março.
“A gente tem interesse em fazê-la dar certo e hoje a gente conta com a credibilidade de ser uma empresa reconhecida para conseguir fechar essas pontas”, afirmou Mesquita.
A falta de garantia de que o investimento para aquisição da liga seja feito é o que travou, até agora, o anúncio da criação da entidade. Até agora, o grupo Codajas Sports Kapital (CSK) e a joint venture entre 1190 Sports e LiveMode disseram que têm interesse em achar um investidor que compre parte da liga e, ainda, gerenciem a entidade.
Os dois grupos, porém, não conseguiram, até o momento, assegurar que o investimento será feito. Esse é o primeiro dos entraves para a liga ser oficializada. O segundo é o modelo de gestão do projeto.
Até por conta disso, a proposta da XP, que foi apresentada recentemente aos clubes, ganhou força, já que ela mantém a autonomia das decisões gerenciais teoricamente nas mãos dos clubes. E, nesse cenário, o fundo de investimentos crê na profissionalização do mercado.
“A liga vai acontecer, e nós queremos ter um projeto. Hoje, eu sinto uma vontade de profissionalizar e ter a criação da liga. O perfil dos dirigentes mudou muito. Claro que, com mais clubes se tornando SAF, isso [a perspectiva de criação da liga] vai melhorar ainda mais”, disse Mesquita na entrevista à Folha.
De acordo com o executivo, o modelo adotado pela XP para ir ao mercado é o mesmo que tem sido feito na Europa. Desde que a pandemia destruiu as finanças dos clubes, as ligas decidiram vender parte de seus direitos de mídia como forma de levantar dinheiro para os clubes sem recorrer a empréstimos. Para Mesquita, o resultado recente da LaLiga, que vendeu 8% de seus direitos para o fundo de investimentos CVC, é aquele em que o Brasil deve se espelhar.
“A gente tem de vender o menor percentual possível pelo maior valor porque a liga vai valorizar muito. Todo fundo que entrar vai querer ganhar dinheiro, então temos de vender o menor percentual pelo maior valor”, disse.