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Federações olímpicas de inverno rejeitam incluir esportes de verão nos Jogos

Entidades alertam para o risco de descaracterização de modalidades praticadas na neve e no gelo

Atleta disputa prova de patinação de velocidade - Stacy Revere/Getty Images/COI

Atleta disputa prova de patinação de velocidade - Stacy Revere / Getty Images / COI

As federações internacionais de esportes de inverno divulgaram um comunicado conjunto em oposição à possível inclusão de modalidades esportivas de verão nos Jogos Olímpicos de Inverno.

A manifestação ocorre em meio à revisão conduzida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), sob a presidência de Kirsty Coventry, que avalia mudanças no programa esportivo, no calendário e na escolha das cidades-sede.

Entre as modalidades cogitadas para integrar os Jogos de Inverno estão ciclocross (modalidade do ciclismo), corrida cross-country e esportes indoor que não fazem parte do programa olímpico atual.

A proposta tem sido discutida como parte de uma estratégia para ampliar o alcance e a diversidade dos Jogos.

Identidade

As federações de esportes de inverno, que representam modalidades como biatlo, bobsled, skeleton, curling, hóquei no gelo, luge, patinação, esqui e snowboard, afirmaram que estão comprometidas com a inovação e a universalidade, mas alertaram para os riscos de descaracterização do evento.

“O futuro dos Jogos Olímpicos de Inverno não será melhor servido por propostas isoladas, como a inclusão de modalidades não olímpicas das federações internacionais de verão nos Jogos Olímpicos de Inverno”, destacou o comunicado.

As entidades argumentam que essa abordagem “diluiria a marca, o legado e a identidade que tornam os Jogos Olímpicos de Inverno únicos – uma celebração dos esportes praticados na neve e no gelo, com cultura, atletas e campos de jogo distintos”.

Verão

O presidente da World Athletics, Sebastian Coe, que disputou a presidência do COI com Kirsty Coventry, afirmou anteriormente que algumas modalidades de verão tinham “uma boa chance” de serem incluídas já nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2030, previstos para os Alpes Franceses.

A federação internacional de atletismo, modalidade que conta com mais medalhas em disputa nos Jogos de Verão, mas está ausente das Olimpíadas de Inverno, tenta emplacar algum tipo de prova no evento desde os anos 2000.

À ocasião, o COI chegou a discutir a sugestão de implantação de alguma corrida de rua nos Jogos de Inverno, recebendo a aprovação de estrelas da modalidade na época, como o etíope Haile Gebrselassie, então recordista mundial da distância.

A ideia faria com que países quentes como Quênia e Etiópia, hoje apartados de qualquer disputa por medalha nos Jogos de Inverno, se tornassem favoritos a subir ao pódio na competição.

Inverno

Por outro lado, o presidente da WOF (Federação Olímpica de Inverno, na sigla em inglês), Ivo Ferriani, defendeu que as novidades no evento devem focar nas modalidades já existentes no Programa Olímpico.

“A inovação deve se concentrar na evolução dos esportes de inverno existentes para atrair uma participação e um público mais amplos, ao mesmo tempo que aumenta o apelo dos Jogos Olímpicos de Inverno”, enfatizou.

Ferriani citou como exemplo a inclusão do esqui de montanha, disputa originada em ambientes invernais e que representa, segundo ele, o desenvolvimento contínuo dos esportes de inverno.