Algumas das principais lideranças femininas do esporte brasileiro veem a vitória de Kirsty Coventry, eleita presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), como um marco para a promoção da igualdade de gênero ao mostrar que mulheres podem ocupar todos os espaços, incluindo o mais importante cargo esportivo do planeta.
Leila Pereira, presidente do Palmeiras e única mulher a dirigir um clube da Série A do Campeonato Brasileiro 2025, saudou a vitória da ex-nadadora como mais uma barreira quebrada na gestão esportiva. Ela afirmou que também se sentiu representada pelo triunfo da zimbabuana.
“A vitória de Kirsty Coventry na eleição para a presidência do COI é mais do que um marco na história do esporte olímpico. É, acima de tudo, uma conquista de todas as mulheres que lutam para ser protagonistas em ambientes onde o machismo ainda predomina”, destacou.
“Que ela possa fazer um ótimo trabalho e assim abra portas para que outras mulheres ocupem cargos de liderança dentro do COI ou em outras entidades”, completou a dirigente.
Política
Para outra Leila importante do esporte nacional, a senadora Leila Barros (PDT-DF), dona de dois bronzes olímpicos pela seleção brasileira de vôlei, a vitória da zimbabuana quebra um tabu para o COI, que sempre teve homens na presidência em seus 131 anos de história.
“A eleição de Kirsty Coventry para a presidência do COI é um marco histórico para o esporte mundial e para a luta pela igualdade de gênero. Representa um avanço significativo na democratização da gestão esportiva. Sei o quanto a presença feminina em espaços de liderança transforma estruturas e amplia oportunidades”, afirmou a senadora, tetracampeã do Grand Prix pela seleção brasileira.
Leila destacou a trajetória de Kirsty, que, além de ex-atleta, já ocupou vários cargos de gestão após encerrar sua carreira olímpica nos Jogos do Rio de Janeiro 2016.
“Acredito que a experiência da Kirsty como atleta, ministra e dirigente trará uma visão diferenciada sobre os desafios do esporte e fortalecerá políticas de inclusão, ampliando o acesso ao esporte para meninas e mulheres, e reforçando a luta por mais equidade no alto rendimento”, destacou Leila.
“Além disso, espero que sua gestão também avance no combate a outras chagas do esporte, como o racismo”, acrescentou.
Automobilismo
Mulheres que transitam em ambientes bem masculinizados do esporte veem a eleição de Kirsty como a quebra de uma barreira importante, mostrando que a mulher é capaz de chegar ao topo da gestão esportiva.
“Ainda vivemos em uma época em que toda conquista feminina merece ser amplamente celebrada. A presidência feminina do Comitê Olímpico Internacional depois de 131 anos é uma conquista extraordinária”, exaltou Leonora Guedes, CEO do Sertões, principal rali do Brasil.
Para ela, a conquista de Kirsty também gera uma grande responsabilidade por ser a primeira mulher a ocupar esse cargo.
“Como sempre acontece nestes casos, as expectativas em torno da Gestão Coventry são maiores do que seriam caso um de seus adversários tivesse vencido. Temos de torcer muito mais por ela e ajudá-la como e quando for possível”, pediu.
Regina Franze, diretora de eventos e de marketing da Porsche Cup, lembrou que a dirigente supera várias barreiras com sua eleição à presidência do COI.
“É bem animador ver uma mulher como principal dirigente de esporte no mundo, quebrando uma barreira, especialmente uma mulher natural do continente africano”, disse Regina.
A executiva comparou sua própria situação com a nova presidente do COI, já que se tornou gestora de uma liga de esporte a motor, algo extremamente raro tanto no Brasil como no exterior.
“Meus 20 anos de Porsche Cup, assumindo a posição de liderança, mostram que a mulher pode e deve ser permeável à inclusão”, ressaltou a diretora de eventos e de marketing.
“Desejo todo o sucesso do mundo à Kirsty à frente do Movimento Olímpico”
Regina Franze, diretora de eventos e de marketing da Porsche Cup

Entidades esportivas
Para quem atua no alto escalão de entidades esportivas, a eleição de Kirsty mostra que é possível ter mulheres no comando dos principais cargos do setor.
Cristiane Kajiwara, presidente da Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA), lembrou de outras representantes do sexo feminino que se destacaram no esporte, como Yane Marques, vice-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), e Magali Oliveira, presidente da Confederação Brasileira de Remo (CBR).
“A partir dessa eleição, acredito que mais mulheres como nós possam ter oportunidades para mostrar seu trabalho e assumir cargos de liderança pelo mundo”, afirmou Cristiane.
Para a dirigente, uma mulher no comando do COI pode trazer alguns diferenciais na gestão esportiva, e isso será sentido nos próximos anos.
“Trazer nosso lado mais humano e de resiliência, aliado à competência e experiência, acredito que seja uma das principais características que podemos esperar nessa mudança”, analisou.
Gestoras
Ana Teresa Ratti, cofundadora da Vesta Gestão Esportiva e colunista da Máquina do Esporte, acredita que a conquista da ex-nadadora do Zimbábue é significativa por promover a diversidade na administração do esporte.
“Toda posição relevante de gestão que uma mulher ocupa é um movimento significativo na direção da igualdade. Quando falo em igualdade, refiro-me à possibilidade de que a competência defina onde cada um deve estar nos ambientes profissionais, independentemente de gênero, cor, classe ou qualquer outra característica”, destacou a gestora.
Manoela Penna, diretora de marketing do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e colunista da Máquina do Esporte, considera a eleição da primeira mulher para a presidência do COI como emblemática.
“Essa eleição da Kirsty foi hiperemblemática. Acho que é caminho sem volta do Movimento Olímpico, que vinha dando mostras de que estava se preparando para isso, juntamente da agenda olímpica. A votação dela não deixou dúvidas de que o Movimento Olímpico precisa e quer a representatividade feminina. Ela mesma disse que tem uma responsabilidade imensa. E tem, porque deposita-se nela todo esse simbolismo da mudança”, afirmou a dirigente.
Danielle Von Schneider, CEO da Agência de Atletas, responsável pelo gerenciamento de carreira de Rebeca Andrade, Ana Marcela Cunha e Rafaela Silva, entre outras atletas, lembrou da quantidade de cargos já exercidos por Kirsty Coventry. Para ela, a nova presidente já foi testada em várias comissões importantes dentro da estrutura do mundo olímpico.
“É emblemático que, em um momento onde o esporte feminino vem crescendo na indústria, teremos a primeira presidente mulher eleita no COI, que além de ter sido uma multicampeã com 7 medalhas em Olimpíadas, tem uma vasta experiência em gestão esportiva”, enfatizou.
“Já foi ministra do Esporte, presidiu a Comissão de Atletas, ocupa desde 2018 um cargo na Comissão Executiva, se interessa por questões de finanças e solidariedade olímpica, e dirige a Comissão de Coordenação dos Jogos Olímpicos de Brisbane 2032”, ressaltou.
Para Roberta Coelho, CEO da equipe de e-Sports MIBR e criadora da WIBR, ecossistema de ações que busca trazer mais mulheres ao universo dos games, a nova presidente mostra a importância do discurso de diversidade promovido pelo COI ter sido posto em prática em um cargo de liderança.
“Kirsty ser a primeira mulher a presidir a organização reforça a história de que o esporte é para todos e inspira as novas gerações que estão por vir”, explicou a executiva, que também é colunista da Máquina do Esporte.
“Muitas vezes meninas se sentem excluídas de determinados esportes. Ela, sendo uma medalhista olímpica, mostra que uma mulher pode ocupar esse espaço. Sendo africana é mais poderoso ainda”
Roberta Coelho, CEO da equipe de e-Sports MIBR
Empresas
As mulheres que exercem cargos de liderança em grandes patrocinadores do esporte também comemoraram a vitória de Kirsty Coventry na eleição do COI. Para Constanza Novillo, diretora de marketing da Asics, o triunfo da zimbabuana incentiva outras mulheres a sonharem com objetivos semelhantes.
“Quando vemos uma mulher ocupar um espaço de alta gestão, especialmente no esporte e com relevância internacional, isso inspira, fortalece e empodera toda a comunidade feminina”, ponderou a executiva.
“Apesar de inúmeras barreiras, vemos que é possível pertencer e ser parte da mudança do ecossistema esportivo”, completou.
Já Sabrina Romero, diretora de marketing da Vivo, disse que a presença de Kirsty dirigindo o COI nos próximos anos reforça a batalha das mulheres por mais espaço na sociedade.
“Uma mulher à frente da principal instituição esportiva mundial quebra mais um tabu sobre a presença feminina no esporte e reforça a luta pela equidade de gênero”, comentou.
A empresa de telefonia é uma das principais patrocinadoras do esporte brasileiro, tendo contratos com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o COB, além dos naming rights do Vivo Rio Pro, principal evento da World Surf League (WSL) no Brasil, entre vários outros aportes.
“A presença de Kirsty Coventry nas principais decisões do esporte no mundo dá representatividade para as mulheres, o que contribui para garantir o avanço e a consolidação do espaço conquistado nos últimos anos”
Sabrina Romero, diretora de marketing da Vivo