O futebol masculino vive, atualmente, um grande imbróglio entre clubes da Liga Forte União (LFU) e da Liga do Futebol Brasileiro (Libra). A Libra, inclusive, vive em clima de guerra, com trocas de farpas constantes entre Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e Luiz Eduardo Baptista, o Bap, presidente do Flamengo.
O racha na Libra foi aprofundado pela decisão do Flamengo de questionar judicialmente o modelo de divisão dos recursos pagos pelo Grupo Globo, bloqueando os repasses da emissora carioca para os clubes da Libra.
Todo este conflito entre os clubes explicita o ambiente pouco colaborativo, e muitas vezes tomado pela politicagem, entre os cartolas no futebol masculino. Ambiente este que dificulta a criação de uma liga que unifique o interesse de todos os clubes.
Mas, se no masculino os clubes se engalfinham em nome de seus próprios interesses, no futebol feminino o clima é diferente. Convidada do Maquinistas, podcast da Máquina do Esporte, desta semana, Kin Saito, diretora-executiva de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol (FPF), falou sobre a possibilidade, ainda que embrionária, de uma liga de clubes no futebol feminino.
O exemplo da Federação Paulista
A executiva da FPF, que tem grande experiência no futebol feminino, enxerga que o ambiente entre os clubes na modalidade tende a ser mais colaborativo, especialmente na Federação Paulista.
Kin contou que, nos conselhos técnicos do Paulistão Feminino, este clima mais colaborativo aparece, por exemplo, na hora de discutir a premiação.
“Os conselhos eram um lugar de muita unanimidade, de entenderem que a premiação ia começar a ser aumentada de baixo para cima. Então, os últimos vão ganhar um pouco mais para que o campeão e o vice-campeão não disparem”, observou a executiva.
Ela também ressaltou que, atualmente, no Paulistão Feminino, o campeão ganha cinco vezes mais do que o último colocado. Para efeito de comparação, na Libertadores Feminina, torneio realizado pela Conmebol, a premiação do primeiro colocado é 40 vezes maior que a do último.
Liga no futebol feminino?
O já conhecido termo “liga” virou uma discussão recorrente no futebol masculino. No feminino, nem tanto. Mas, para Kin Saito, o ambiente mais saudável e colaborativo dos clubes no futebol feminino pode, sim, possibilitar a criação de uma entre as equipes da modalidade.
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Kin, é claro, reconhece que isso ainda é um sonho distante. No entanto, o entendimento da necessidade de um bem comum, acima dos interesses individuais, presente no futebol feminino, anima a executiva.
“Eu nem gosto de prever o futuro, mas acho que o feminino está construindo esta possibilidade de uma maturidade para um dia sentar e falar sobre liga de uma forma muito mais preparada, que não trave no debate financeiro e preserve esse debate de desenvolvimento”, analisou a executiva.
Mesmo sendo uma discussão ainda embrionária, a diretora-executiva de futebol feminino da FPF entende que os alicerces, construídos pelo relacionamento saudável e empático entre os clubes, possibilitam que esta possível futura liga seja construída de forma mais consistente.
A executiva acredita que esta maturidade no relacionamento entre os clubes no futebol feminino ainda tem pouco alcance, mas poderia servir como uma forma de inspiração.
“No que importa, estão todos unidos na mesma ideia. Então, acho que tem algo não tão palpável assim, mas quando você precisa conversar sobre aspectos financeiros, vejo uma maturidade admirável [no futebol feminino], que ainda é de menor visibilidade e pouco alcance, mas poderia ser uma forma de inspiração”, enfatizou.
O episódio do Maquinistas, podcast apresentado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez, com a participação de Kin Saito, diretora-executiva de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol (FPF), está disponível no Spotify e no canal da Máquina do Esporte no YouTube:
