Na tarde desta terça-feira (6), o Parintins FC enfrenta o Manaus, no fechamento do primeiro turno do Campeonato Amazonense. Em campo, o time do interior joga para tentar manter a improvável liderança de seu grupo e avançar com vantagem às quartas de final da competição.
Um cenário que era impensável há três anos, quando o empresário sul-coreano Song Un Song decidiu fundar um time na cidade que é conhecida pelo festival do Boi Bumbá e fica a mais de 350km de distância da capital Manaus.
Por trás do projeto do Parintins FC está um executivo que já trabalhou nos quatro grandes clubes paulistas (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo), foi empreendedor ao criar a primeira liga de futebol americano no Brasil (entre 2010 e 2015) e, durante seis anos, ficou completamente afastado do mercado esportivo.
O motivo? O sobrenome famoso, que auxiliou a impulsionar a carreira empreendedora no marketing esportivo, foi também o que ajudou a fechar as portas no mercado.
“Eu fiquei cinco anos à frente da liga, que acabou em 2015. E acabou devido a tudo o que fizeram com a minha família. Parecia que eu tinha uma doença transmissível. Ninguém nem atendia o telefone mais. Eu ligava para patrocinador que estava há três, quatro anos comigo, que pagava até mesmo adiantado pelo patrocínio, pelo nível de confiança que tinha na entrega, e ele nem atendia ao telefone mais”.
O desabafo foi feito por Luis Claudio Lula da Silva, filho de Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente da República. Um dos três filhos de Lula e Marisa Letícia, Luis Claudio conversou com Erich Beting e Gheorge Rodriguez no Maquinistas, o podcast da Máquina do Esporte.
Hoje diretor-executivo do Parintins, ele contou sobre sua trajetória no esporte. E disse como a política brasileira interferiu nos negócios que ele tentou empreender.
“Se eu tivesse que falar para você: ‘O nome do seu pai ajuda ou atrapalha?’ Acho que equivale. Ele abre muita porta, mas também fecha muita porta. Tem muita gente que procura o clube para patrocinar e não patrocina porque o cara está com medo. Porque é assim. Daqui a dois anos, tem eleição de novo. Minha vida é essa, infelizmente. Dois anos de sufoco, dois anos respirando, dois anos de sufoco, até meu pai desistir de ser candidato, o que não vai acontecer. Enquanto ele tiver saúde, não vai. A saúde dele é impressionante. A saúde mental e física, né?”, afirmou Luis Claudio.
O projeto no Parintins
O retorno ao futebol veio por acaso, antes mesmo de Lula retomar a presidência da República. Luis Claudio foi apresentado em 2021, por um amigo em comum, a Song Un Song, empresário que tem diversos negócios no Amazonas e queria montar um projeto no futebol. Depois de “convencer” Song a desistir de se tornar dono do Rio Negro, tradicional clube de Manaus, Luis Claudio foi convidado a assumir o projeto em Parintins. Foi sem saber nem onde ficava a cidade, e então mudou radicalmente o projeto do clube.
“Não era possível jogar em Parintins. Não tem estrada ligando a cidade até Manaus. São 8h de barco rápido e outras 12h de barco para ir até lá. Como levar 30 crianças de barco? E o risco disso? Então a gente decidiu manter o nome, ter uma estrutura de base na cidade, e o time foi jogar perto de Manaus”, contou.
Desde então, o time já subiu da segunda para a primeira divisão do Campeonato Amazonense. E, neste ano, tenta a façanha de desbancar clubes grandes e tradicionais do estado. Uma tarefa que, para ele, ainda é pouco provável de acontecer.
Anote na agenda
A conversa com Luis Claudio Lula da Silva poderá ser conferida nesta terça-feira (6), a partir das 19h (horário de Brasília), no canal da Máquina do Esporte no YouTube. O executivo esteve nos estúdios da Máquina do Esporte na última quinta-feira (1º), quando gravou o bate-papo e falou sobre futebol, política e negócios.