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Estudo: Esporte movimenta R$ 183,4 bilhões, equivalente a 1,69% do PIB do Brasil

Relatório PIB do Esporte Brasileiro, da Sou do Esporte, referente a 2023, mostra que o setor gerou 3,3 milhões de empregos

Fabiana Bentes no lançamento do PIB do Esporte Brasileiro - Divulgçação

Fabiana Bentes durante o lançamento do Relatório PIB do Esporte Brasileiro - Divulgação

A Sou do Esporte lançou, nesta quinta-feira (26), o primeiro Relatório PIB do Esporte Brasileiro, estudo que mostra que o esporte movimentou R$ 183,4 bilhões na economia nacional em 2023. Isso equivale a 1,69% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Para se ter uma ideia, esse montante supera áreas como a cultura, que gerou 1,55% do PIB do Brasil no mesmo ano.

A indústria do esporte também foi responsável pela criação de 3,3 milhões de empregos diretos e indiretos. Os setores que mais contribuíram para isso foram comércio de artigos esportivos (52%), atividades recreativas (25%), indústria (13%) e mídia & publicidade (7%).

“O ano de referência de 2023 é interessante porque já está distante da pandemia, mas ainda não tem o impacto da regulamentação das apostas esportivas no Brasil”, ponderou Fabiana Bentes, presidente da Sou do Esporte, em entrevista à Máquina do Esporte.

Naquele ano, segundo a dirigente, os dados sobre investimentos do setor de apostas no esporte eram muito inconsistentes e tiveram que ser descartados, ficando restritos apenas aos investimentos em patrocínios esportivos que constavam no balanço dos clubes.

Fabiana contou que a ideia de realizar o estudo veio em 2020, quando a pandemia de Covid-19 teve forte impacto na atividade de diversos setores da economia.

“À ocasião, fiquei muito incomodada com a situação do esporte. A cultura teve assistência do governo na parte econômica, e a gente não tinha como defender a importância do esporte porque não havia um estudo mostrando nossa relevância para o PIB”, contou a executiva.

Movimentação

A partir daí, a Sou do Esporte procurou diversas entidades, como o Comitê Olímpico do Brasil (COB), o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e até o Ministério da Defesa, responsável pelo desporto militar, para apoiar o projeto.

O velejador Lars Grael, medalhista olímpico, tornou-se o embaixador da iniciativa. A verba para a realização do estudo veio por meio de uma emenda parlamentar e foi realizada mediante o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia.

A metodologia foi desenvolvida pela consultoria EY, que estimou o cálculo pela ótica da renda, tendo como base dados oficiais, como da Receita Federal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de CNPJs setoriais e órgãos de fomento, além da coleta de dados em bases públicas e por intermédio de questionários enviados a instituições esportivas.

Também foram somados os dados da Comissão Desportiva Militar do Brasil (CDMB), Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), Ministério do Esporte, secretarias municipais e estaduais da área e Loteria Federal.

“A ideia é realizar esse estudo de maneira bienal. O próximo já será para 2025, com dados do impacto da regulamentação das apostas esportivas. Com o tempo, veremos se é necessário fazer a pesquisa anualmente”, enfatizou Fabiana.

Retorno

Segundo o estudo, o esporte também é parte importante do fomento de diversos setores da economia. A cada R$ 1 investido no esporte pelo setor privado há um retorno de R$ 23,36. Já no setor público, cada R$ 1 de investimento no segmento gera um retorno de R$ 12,83.

Para Fabiana, esse dado é relevante para a luta do setor para que haja uma Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) de maneira permanente, já que a atual lei precisa ter sua regulamentação renovada até 2027.

A lei atual tem prazo determinado e funciona como benefício fiscal vinculado à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que exige renovação a cada cinco anos. A LIE permite que pessoas físicas e jurídicas destinem parte do imposto de renda (IR) a projetos esportivos.

“O esporte estava mobilizando muita gente para falar que a Lei de Incentivo atendia 15 milhões de pessoas. Na hora de promover cortes no orçamento, o esporte é bem menos importante do que programas como o Bolsa Família, que atinge muito mais gente”, comparou Fabiana.

Segundo o Governo Federal, o Bolsa Família conta atualmente com 53,7 milhões de pessoas beneficiadas em todo o território nacional.

“Temos que defender a Lei de Incentivo não como política social, mas como política econômica. Ela gera recursos ao país”, argumentou a presidente da Sou do Esporte.

Para baixar o relatório, basta acessar o link disponibilizado pela Sou do Esporte e preencher um cadastro.