DAZN e Sky mantêm direitos de transmissão do Campeonato Italiano em acordo de € 4,5 bilhões

Moise Kean, da Juventus, passa por marcador em jogo da Serie A - Reprodução / Instagram (@juventus)

Os clubes da Serie A da Itália aprovaram propostas de DAZN e Sky Itália pelos direitos de transmissão do Campeonato Italiano. O novo acordo de TV, que abarcará as temporadas de 2024/2025 a 2028/2029, prevê pagamento de € 4,5 bilhões.

O DAZN teria oferecido uma receita mínima de € 700 milhões por ano. Já a Sky pagaria € 200 milhões por temporada. O atual contrato, válido por três anos, prevê pagamento de € 2,5 bilhões do DAZN, enquanto a Sky desembolsa € 262,5 milhões.

O jornal La Repubblica, por sua vez, afirma que os clubes ganharão menos do que € 900 milhões anuais nos primeiros dois anos, com o montante aumentando do terceiro para o quinto ano.

O que se sabe é que, com esses valores, o DAZN terá direito de sete jogos exclusivos por semana, o que totaliza 266 partidas das 380 do campeonato. Os três duelos restantes por rodada serão divididos entre DAZN e Sky (total de 114 jogos).

Segundo a agência Reuters, os novos contratos incluem componentes variáveis que fazem o valor superar o atual acordo. Dos 20 clubes da elite italiana, 17 teriam votado a favor do novo contrato.

Como parte do acordo com o DAZN, os clubes também terão direito a uma receita adicional ligada a critérios de desempenho, como o crescimento de assinantes. O pagamento adicional foi fixado em até € 1 bilhão durante o período de cinco anos do contrato.

Críticas

Nem todos os clubes ficaram satisfeitos com o acordo. O dono do Napoli, Aurelio De Laurentiis, expressou sua frustração com o fato de a Serie A ter rejeitado a possibilidade de adotar um modelo de vendas diretas ao consumidor (DTC).

“É uma derrota total para o futebol italiano. Esses acordos serão a morte do futebol italiano”, criticou o dirigente.

Para ele, com tal modelo, o futebol italiano teria potencial de arrecadar mais com o modelo DTC.  

“O futebol italiano sempre pensa que precisa do apoio dos outros, mas os torcedores são o trunfo absoluto de um clube de futebol. Minha relação deve ser direta com o torcedor, e não direta com Sky e DAZN, que, na minha opinião, não são competentes”

Aurelio De Laurentiis, proprietário do Napoli

“Quando a Sky vende um pacote que tem cinema, Champions League, futebol italiano, séries de TV e entretenimento, ou o DAZN vende o futebol italiano e outros esportes, nunca saberei o verdadeiro valor do futebol italiano. Meus colegas na liga adoram ficar passivos no sistema. Eu, que nunca joguei passivamente, odeio operar dessa forma”, acrescentou.

Para o dirigente do Napoli, outro erro estratégico da Liga Italiana foi assinar um acordo válido por tantos anos.

“Em tempos de crise, o cinema e o futebol são duas coisas muito fortes, são a solução para as dores do dia a dia. Mas colocamos esse sonho na gaveta. Sky e DAZN não fazem esses grandes investimentos”, disse De Laurentiis.

DTC

A Serie A chegou a ensaiar a criação de um serviço DTC que seria disponibilizado por meio de provedores de TV paga, mas com assinatura independente para os clientes. No entanto, Urbano Cairo, presidente do Torino e dono da Cairo Communications, disse a repórteres italianos que os valores não tornavam a ideia sustentável neste momento.

“Os números ficaram abaixo das nossas expectativas iniciais e abaixo dos nossos contratos atuais. Acho que estávamos certos em continuar nosso relacionamento com Sky e DAZN. Criar um canal de TV da Serie A agora significaria adicionar mais riscos a um negócio arriscado”, opinou.

Abaixo da meta

A Serie A tinha como meta conseguir até € 7,2 bilhões para o seu próximo contrato de direitos de mídia para o mercado doméstico. Para isso, até prolongou a duração do novo acordo, em uma tentativa de aumentar seu valor. Esse fracasso em atingir a meta não deve ser uma surpresa, mas servirá para mostrar a realidade do mercado à Liga Italiana.

Vale lembrar que a Serie A havia iniciado conversações privadas em junho, depois que as propostas iniciais foram consideradas baixas, o que fez com que a liga adiasse para outubro o fechamento dos novos acordos.

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