A finalização da venda dos pacotes de jogos da Liga Forte União (LFU) pelas próximas edições do Campeonato Brasileiro gerou uma série de novidades para TVs, clubes e torcedores a partir da edição deste ano do torneio.
Nos últimos dias, a Máquina do Esporte ouviu diversos envolvidos nas negociações deste ano para entender como isso funcionará na prática e como impactará nas finanças dos clubes e no dia a dia do torcedor. A seguir, algumas das principais questões são respondidas.
Escolha dos jogos
A LFU vendeu três pacotes de jogos para diferentes plataformas. A Globo, último acerto anunciado, adquiriu um pacote de 4,5 jogos, em média, por rodada para esta temporada (o acordo é válido por cinco anos).
Já a Record dividirá com o YouTube (que repassou esses direitos para a CazéTV) uma partida por jornada exclusiva na TV aberta. Esse jogo só pode ser utilizado pela Globo no serviço de pay-per-view Premiere.
Por fim, o Prime Video, serviço de streaming da Amazon, será dono de 38 jogos exclusivos ao longo do torneio, um por rodada.
Mas como funcionará a ordem de escolha dos jogos a cada rodada?
Cada parceiro terá o direito de fazer a 1ª escolha a cada três rodadas.
No caso do pacote dividido entre Record e YouTube, quem tem sempre o direito a fazer a escolha do jogo é a emissora de TV aberta, embora essa partida seja compartilhada na CazéTV.
O dono da 2ª escolha em uma rodada passará para o 1º posto na jornada seguinte. Quem estiver com o 3º posto, sobe para 2º na próxima jornada e vira o titular da escolha na outra rodada.
Mas como conciliar isso, já que são 38 rodadas, o que poderia prejudicar uma das plataformas? A solução será retomar o revezamento em 2026 de onde ele parar neste ano. E, em 2027, a regra funcionará do mesmo jeito.
Assim, cada player terá o direito de fazer a 1ª escolha em 38 rodadas, considerando-se os campeonatos de 2025 a 2027.
Valores
A LFU divulgou que a soma dos contratos fechados por ela para o ciclo de 2025 a 2029 é de R$ 1,7 bilhão por ano (no caso de Record e YouTube, o contrato é até 2027). Desse valor, há alguns descontos, como a comissão dada à LiveMode pela intermediação dos acordos, além de 10% para um grupo de investidores, liderados pela Life Capital Partners (LCP), que adquiriu esse percentual dos clubes do Forte União.
No caso do contrato com a Globo, há também um desconto neste ano pelo fato de a LFU contar com 11, e não 12 clubes na Série A.
O contrato foi assinado para a presença de 12 times, que seria a média de clubes que a LFU teve na primeira divisão nos últimos anos, o que garantiria a venda de seis jogos por rodada, sendo cinco para a Globo.
Segundo a Máquina do Esporte apurou, os custos de produção dos jogos estão embutidos nos contratos assinados, sem trazer ônus na remuneração dos clubes.
Empacotamento
Desde o início das discussões com o mercado, a estratégia da LFU foi de disponibilizar mais pacotes à venda. Ao longo das negociações, o grupo pensou até em formatar quatro pacotes, sendo um para TV aberta, um para TV fechada e dois para streaming.
Assim, não se pensou em vender todos os direitos para apenas uma empresa de mídia, como a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) fez com a Globo, anunciando o negócio em março do ano passado.
A ideia também não era dividir esses direitos entre duas empresas. Ao estudar as negociações de ligas nacionais europeias, como Premier League e LaLiga, optou-se sempre por um fatiamento maior.
No final, escolheu-se negociar três pacotes (sendo um deles dividido entre Record e YouTube). Esse formato, na avaliação de quem participou das negociações, foi o modo mais rentável aos clubes.
O último pacote, que contava com mais jogos, foi justamente o que teve uma negociação mais alongada e acabou sendo adquirido pela Globo.
Série B
O acordo da LFU prevê o pagamento de 15% do valor dos contratos de direitos de mídia das Séries A e B aos clubes da Segundona em 2025. Segundo cálculos de profissionais envolvidos nas negociações, isso representará um desconto entre 5% e 7% no acordo da primeira divisão.
Com os contratos da Série A definidos, resta a negociação dos direitos da Série B. Assim como na elite, a Segundona também terá dois blocos de times vendendo seus direitos separadamente. Inicialmente, havia a expectativa de que, mesmo representando dois grupos, essa venda fosse casada, o que não acontecerá.
A LFU conta com 16 times da Série B, com a adesão recente do Athletic-MG. Além do time mineiro, fazem parte do grupo: Amazonas, América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Botafogo-SP, Chapecoense, Coritiba, CRB, Criciúma, Cuiabá, Goiás, Novorizontino, Operário-PR e Vila Nova.
Já a Libra possui apenas Remo e Paysandu. O grupo também deve receber a adesão do Volta Redonda, campeão da Série C no ano passado. Já a Ferroviária, outra equipe que subiu de divisão, ainda não definiu de que lado embarcará.
Executivos de TV aguardavam a definição dos direitos da Série A para entrar na disputa pelos da segunda divisão. A Peak é a agência nomeada pela LFU para a negociação desse ativo.
Assim como na Série A, a ideia é fatiar esses direitos. No caso da Segundona, porém, até o momento a ideia é negociar dois pacotes. Já há conversas com ao menos uma TV aberta e duas plataformas de streaming. A expectativa é de que os vencedores da concorrência sejam definidos entre o final deste mês e o início de março.
Distribuição de renda
O modelo estabelecido pela LFU para distribuir os ganhos entre os clubes segue a divisão de 45% de forma igualitária, 30% pela colocação no campeonato e 25% pela audiência. Mas como transformar isso em números, se o bloco de clubes conta com 11 das 20 equipes da Série A?
Já há uma divisão percentual para cada posição conforme a colocação na tabela de classificação. A mesma medida ocorre na divisão pela audiência da TV. E, a partir do total disponibilizado para cada segmento (desempenho e audiência), haverá um cálculo da proporcionalidade em relação a cada posição.
Para medir a audiência, a LFU pegará os dados da Kantar Ibope Media para o caso das TVs abertas (Globo e Record), fechada (Sportv) e pay-per-view (Premiere). Para a CazéTV, esses dados são medidos pelo YouTube. Já no Prime Video, a totalização será fornecida pela própria Amazon.
No entanto, a remuneração será individualizada de acordo com cada contrato. Acordos mais altos pagarão melhor a cada clube pela audiência. Compromissos de valores menores remunerarão, proporcionalmente, menos as equipes.