Incertezas na Brax ameaçam continuidade das transmissões da Série B do Brasileirão em 2024

Santos deverá ser uma das principais atrações da Série B em 2024 - Raul Baretta / Santos

Celebrado no ano passado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como um dos seus grandes trunfos comerciais, o contrato que garantiu os direitos de transmissão da Série B do Brasileirão para a agência de marketing esportivo Brax pode estar fazendo água.

Uma notícia publicada nesta terça-feira (27) pelo colunista Flávio Ricco, no R7, afirma que a Brax teria informado alguns clubes e a própria CBF de que não conseguiria honrar o acordo, que é válido até 2026. A instituição esportiva estaria arcando, ela própria, com os pagamentos, de modo a não prejudicar as equipes que disputarão o torneio.

O jornalista utilizou a expressão “jogou a toalha” para se referir à postura da empresa, que, desde a chegada de Ednaldo Rodrigues à presidência da entidade máxima do futebol brasileiro, passou a dominar os direitos comerciais ou de mídia de algumas das principais competições do país.

Ela praticamente monopoliza, por exemplo, a exploração da publicidade estática na Série A do Brasileirão. O único clube com o qual a agência ainda não possui contrato é o Palmeiras.

LEIA MAIS: Isolado, Palmeiras quer concorrência para placas de publicidade em 2025

Para este ano, estava previsto que a Brax pagaria R$ 231 milhões pelos direitos de transmissão da Série B. A principal atração desta temporada deve ser o Santos, clube que costuma aparecer em oitavo lugar no ranking das maiores torcidas brasileiras e que, além de haver conquistado inúmeros títulos de relevância nacional e internacional, revelou grandes craques de renome, numa lista que vai de Pelé a Neymar.

Até o momento, o clube não declarou que rumo dará a seus direitos de TV para este ano. No fim de 2023, a Máquina do Esporte mostrou com exclusividade que o Santos teria o poder de bagunçar a transmissão da Série B.

O Peixe tem a opção de acionar a cláusula do pay-per-view, mantendo o vínculo com o Grupo Globo. Nesse caso, receberia o equivalente a 3,1% do montante que a emissora destina para todos os times que participam da divisão desse bolo. Tomando por base os valores que vigoraram em 2023, o valor ficaria entre R$ 11 milhões e R$ 12 milhões.

Outra hipótese seria abrir negociação com a Brax. Considerando-se o total anunciado pela agência para a atual temporada, o Santos faturaria R$ 11,5 milhões, caso fechasse esse acordo.

Onde há fumaça…

A Máquina do Esporte apurou nos bastidores que as incertezas quanto à continuidade do contrato de direitos de transmissão da Série B com a Brax de fato procedem. Os entraves para a permanência do acordo são reais, mas a empresa ainda não teria “jogado a toalha”.

Em março do ano passado, quando adquiriu os direitos da Série B, a Brax adotou um modelo em que dividia as receitas comerciais com seus parceiros de transmissão.

Essa operação foi viabilizada graças ao contrato de patrocínio (que inclui os naming rights da competição) firmado com a empresa de apostas Betano.

Um dado que não pode ser ignorado é que, hoje, as casas de apostas têm sofrido forte pressão, com a disparada nos custos para patrocinarem clubes e competições ou mesmo para anunciarem em veículos de comunicação.

No ano passado, a Série B do Brasileirão foi exibida pela Band, na TV aberta, e pelo Sportv, na televisão por assinatura. Para esta temporada, existe uma forte tendência de que o canal esportivo do Grupo Globo não renove o contrato com a Brax para transmitir a competição. A agência também teria tentado negociar o torneio com a ESPN, mas sem êxito.

Se essa notícia da saída do Sportv vier a se concretizar, poderá comprometer o apelo comercial do produto que a Brax tem para oferecer no mercado. A situação ficará ainda mais grave se o Santos decidir acionar a cláusula do pay-per-view, mantendo seus jogos em casa sob o controle do Grupo Globo e fora dos acordos da agência de marketing esportivo.

Essa bola de neve acabaria por deixar a Band sem a transmissão da Série B na TV aberta. Procurada, a Brax optou por não se pronunciar sobre o caso.

Sair da versão mobile