A evolução no interesse pelo automobilismo no Brasil tem sido acompanhada pelo surgimento de novos autódromos e reformas daqueles que já existiam. Depois de ver pistas importantes deixarem de existir nas últimas décadas, o esporte a motor brasileiro vive um momento de maior investimento em infraestrutura.
A capital do Mato Grosso, Cuiabá, por exemplo, terá um autódromo internacional. O circuito estará inserido no Parque Novo Mato Grosso, que visa a se tornar o maior espaço multieventos da América Latina, com shows e atividades de lazer. A estreia do complexo está prevista para acontecer a partir de novembro de 2025.
O autódromo terá uma pista de 5km de extensão, projetada para receber corridas de motovelocidade, uma das grandes deficiências estruturais do automobilismo brasileiro. O circuito terá iluminação necessária para provas noturnas e estacionamento para 12 mil veículos, além de um kartódromo nos padrões da Federação Internacional de Automobilismo (FIA).
No Sul, a cidade de Chapecó (SC) terá o Autódromo Internacional de Chapecó. Com obras adiantadas, a pista de 4km tem a expectativa de ficar pronta no segundo semestre de 2025, para estrear no primeiro semestre de 2026.
Será o primeiro circuito asfaltado do estado, considerado um polo do automobilismo de terra, e terá três opções de traçado, incluindo um oval. O autódromo oferecerá 37 boxes e poderá receber até 30 mil pessoas nas arquibancadas.
Raceville Speed Club
Uma das novas opções para o automobilismo nacional pode ser o Raceville Speed Club, em Brotas (SP). Criado para ser um clube de automobilismo, o empreendimento tem autódromo, kartódromo, pista de terra e trilha off-road.
Além disso, foi construído dentro de um resort. A estrutura inclui restaurante, quadras esportivas, piscinas e diversas outras atividades, incluindo o ecoturismo, característico da região.
Atualmente, o Raceville Speed Club conta com quase 110 associados. O objetivo é ter, no máximo, algo em torno de 500.
“A ideia sempre foi ter um clube para amantes do automobilismo. O foco principal é juntar a paixão pelo automobilismo com o estar junto da família. Mas não quisemos fazer um clube com uma pista, quisemos fazer um clube com autódromo”, contou Cacá Clauset, fundador do Raceville Speed Club, à Máquina do Esporte.
O Autódromo Sylvio Alves de Barros Neto tem uma pista de 4,5km, com cinco traçados possíveis, com desenho inspirado nas curvas dos principais circuitos do mundo. A estrutura inclui paddock, boxes para até 60 carros, sala para briefings e oficina.
Apesar de ter sido construído como parte do clube, existe o interesse de receber as principais categorias nacionais. Segundo Cacá Clauset, o autódromo foi bem recebido pelo mercado, mas esbarra na necessidade de uma certificação que precisa ser concedida pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). O empresário apontou que a entidade tem dificultado a homologação, mesmo com o circuito pronto e corridas já marcadas para esse ano.
“Praticamente todos os organizadores de campeonatos nos procuraram. Alguns chegaram a marcar a prova e tiveram que cancelar. A Império Endurance, por exemplo, tinha uma etapa marcada e cancelou. Esse ano ainda temos cinco etapas da AMG Cup Brasil marcadas. A primeira já vai ser transformada em uma tomada de tempo, porque não sabemos se vai sair a homologação”, afirmou.
“Gostaríamos de ter a homologação para poder receber algumas provas do calendário nacional. Queremos sediar corridas na nossa casa, mas o autódromo foi inaugurado no dia 30 de novembro de 2024 e não recebeu visitas da CBA até o momento”, acrescentou Cacá Clauset.
Mais do que receber categorias profissionais, o autódromo também busca cumprir um papel de fomento ao automobilismo, a partir da formação de novos talentos ou até mesmo uma categoria própria.
“Tem um trabalho importante para ser feito na base das pessoas que estão lá, dos associados, dos filhos dos associados. A gente não visa a lucro com o clube, visamos ao fomento do esporte”, lembrou o empresário.
“Provavelmente vamos achar formatos de corridas, para levar público, entusiastas e tudo mais. Dá para fazer muita coisa, como escolinhas de pilotagem e treinamento. Alguns clubes no mundo têm suas próprias categorias de automobilismo”, concluiu.
Reformas
Além do surgimento de novos autódromos, alguns circuitos importantes para o automobilismo brasileiro estão passando por reformas para evoluir suas estruturas. É o caso de Brasília (DF) e Goiânia (GO).
O Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia (GO), está com obras adiantadas. As mudanças incluem recapeamento da pista, construção de caixas de brita, construção de oito novos boxes (totalizando 30), reformas elétricas, pintura e melhorias nas arquibancadas, entre outras.
Vale lembrar que a pista receberá a MotoGP, principal categoria de motociclismo do mundo, de 2026 a 2030. A previsão é de que a estreia do autódromo remodelado, após a conclusão das reformas, ocorra com etapas da Stock Car e da Turismo Nacional, em novembro.
O Autódromo de Brasília BRB, por sua vez, tem entrega prevista para setembro. O Banco BRB assumiu a gestão do circuito em 2022 e ficou encarregado de reformá-lo. As obras incluem recapeamento e instalação de novas barreiras de proteção. A expectativa é de que o espaço receba a Stock Car, a Stock Light e a Fórmula 4 Brasil no final de novembro.