A Agência Mundial Antidopagem (Wada, na sigla em inglês) manteve a posição de liberar 23 nadadores chineses que testaram positivo para uma substância proibida sete meses antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, disputados no ano seguinte por conta da pandemia de Covid-19.
Os atletas foram flagrados para trimetazidina (TMZ), substância presente em um medicamento indicado para o tratamento de insuficiência cardíaca. A Agência Antidopagem da China (Chinada, na sigla em inglês) reconheceu os testes, mas julgou que os nadadores ingeriram a droga involuntariamente e em doses muito pequenas. Por conta disso, nenhuma punição deveria ser aplicada, interpretação que foi seguida pela Wada.
“A Wada concluiu finalmente que não estava em condições de refutar a possibilidade de que a contaminação fosse a fonte do TMZ e que era compatível com os dados analíticos do relatório”, afirmou a agência mundial, em uma declaração divulgada no último sábado (20).
Em Tóquio 2020, a equipe chinesa de natação contou com 30 nadadores e conquistou seis medalhas, três delas de ouro.
Defesas
No domingo (21), a Wada voltou a se pronunciar sobre o caso, respondendo a um documentário feito pela emissora alemã ARD. Em sua publicação, a entidade voltou a afirmar que não encontrou motivos para discordar do relatório feito pela Chinada e marcou uma entrevista coletiva de imprensa, realizada na segunda-feira (22), para gerir a crise criada.
Durante o encontro, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, defendeu a agência antidoping do país, reforçando sua política de “tolerância zero” ao doping.
“Gostaria de enfatizar que o governo chinês tem uma atitude de tolerância zero em relação ao doping e cumpre rigorosamente o Código Mundial Antidoping. A China está empenhada em proteger o bem-estar físico e mental dos nossos atletas, garantindo uma competição justa no esporte e contribuindo para a campanha global antidoping”, disse Wenbin.
Agência norte-americana
A Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada, na sigla em inglês), porém, não concordou com a decisão da Wada. Travis Tygart, CEO da entidade norte-americana, fez duras críticas à agência internacional.
“Isso parece ser uma facada devastadora nas costas dos competidores limpos e uma profunda traição a todos os atletas que competem de forma justa e seguem as regras”, avaliou o executivo.
“Todos aqueles que têm as mãos sujas ao enterrar estes aspectos positivos e suprimir as vozes de denunciantes corajosos devem ser responsabilizados em toda a extensão das regras e da lei”, completou.