A crescente onda de protestos no Brasil tem deixado as duas principais marcas esportivas do país alertas, mas não muda a perspectiva de Adidas e Nike para o mercado no país. Justamente nos meses que antecedem a realização do maior evento esportivo do mundo no Brasil, a instabilidade vivida nas ruas tem feito com que as duas empresas fiquem mais atentas ao que acontece no país, mas o discurso de ambas é de que os resultados financeiros que virão da Copa do Mundo não devem ser alterados.
“Nós achamos isso [os protestos] legítimo e, desde que seja feito em paz, não tem problema nenhum. As pessoas usaram o evento para trazerem suas reivindicações, isso é legítimo. As reclamações são com o governo e é legítimo um povo procurar melhorias para ele. Não mudamos em nada nossa programação por conta disso”, afirmou Herbert Hainer, CEO do Grupo Adidas, em entrevista coletiva para alguns veículos de imprensa na última terça-feira em São Paulo.
O questionamento sobre os protestos no Brasil, aliás, foi feito a Hainer pelo próprio diretor de comunicações da Adidas antes de dar início à entrevista coletiva, numa forma de já deixar claro que a empresa teria uma posição a respeito do assunto.
Para o principal executivo da Adidas, os protestos deverão dar lugar à celebração no ano da Copa do Mundo. Segundo Hainer, a experiência do que aconteceu na Alemanha em 2006 é o que lhe motiva a pensar dessa forma.
“Assim que a Copa começar você verá como as pessoas vão se envolver com o evento. Na Alemanha, a Copa mudou a visão que o mundo tinha sobre os alemães. Éramos um povo sisudo, fechado, mas mostramos que podemos ser festivos e receptivos aos turistas”, disse.
No início da noite desta quinta-feira foi a vez de a Nike se pronunciar a respeito do que acontece no país. O questionamento a Mark Parker, CEO da empresa, porém, foi feito por um acionista americano durante a apresentação dos resultados anuais da marca. A preocupação era saber se a empresa poderia ser afetada pela onda de protestos.
“Muita coisa vem acontecendo no Brasil e nós estamos olhando tudo bem de perto. Sem dúvida que há muita expectativa sobre o país, principalmente por conta de Copa do Mundo e de Jogos Olímpicos, e estamos com ótimas perspectivas em relação a esses eventos e nossos negócios no país. É uma oportunidade para a marca brilhar, e estamos muito felizes com as oportunidades no Brasil. O que tem acontecido lá não tem impactado em nossos negócios, mas estamos acompanhando de perto”, disse o executivo.
A projeção das duas marcas para o mercado brasileiro, aliás, são bastante parecidas. Ambas acreditam que vão poder crescer bastante no país a partir de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Para a Adidas, a meta é fazer com que o segmento de futebol atinja globalmente o faturamento recorde de 2 bilhões de euros por conta do Mundial no país. A Nike diz que muito deverá ser apresentado até o início da Copa do Mundo, mas que uma pequena mostra já veio a partir dos pés de Neymar.
“Nós somos a melhor marca de futebol do mundo, a mais inovadora. Há 15 anos inovamos o mercado ao lançar a chuteira Mercurial. Agora, mudamos de novo ao criar a Hypervenom. O Neymar fez três gols em três jogos com ela [na Copa das Confederações]. É isso o que acontece quando se une o melhor produto com o melhor atleta. O que faremos a partir de agora será absolutmente incrível, e isso é tudo o que posso falar até apresentarmos os lançamentos”, afirmou Charlie Denson, presidente de marca da Nike, durante a apresentação dos resultados financeiros, nos quais a divisão de futebol registrou um faturamento de US$ 1,9 bilhão.
O evento, aliás, marcou também a despedida de Denson, que anunciou a aposentadoria. Após 34 anos na empresa, ele dará lugar a Trevor Edwards, que atualmente é vice-presidente da Nike. Edwards assumirá no próximo dia 1° de julho a função de presidente da marca.