Em meio a uma crise de corrupção sem precedentes, Joseph Blatter foi reeleito nesta sexta-feira, 29 de maio, para comandar a Fifa nos próximos quatro anos. Seu principal opositor, o príncipe da Jordânia, Ali Bin Al Hussein, desistiu de disputar a segunda rodada das eleições depois de conseguir o apoio de 73 federações na primeira fase do pleito, contra 133 do suíço.
Formado em Economia, Blatter, de 79 anos, chegou ao cargo máximo da entidade que gerencia o futebol mundial em 1998, sucedendo o brasileiro João Havelange.
Em seu quinto mandato, suíço enfrentará a maior crise da história da entidade em função do escândalo de corrupção que veio à tona há dois dias e levou sete dirigentes do futebol para a cadeia, incluindo o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin. O próprio Blatter previu dias sombrios para o esporte na abertura do 65º Congresso da Fifa.
“Os próximos meses não serão fáceis para a Fifa. Estou certo que mais notícias ruins podem aparecer. Mas é necessário começar a restaurar a confiança na nossa organização. Deixemos esse ser o ponto da virada”, disse o presidente reeleito da Fifa.
Blatter não chegou a criar um manifesto eleitoral e levou sua candidatura na base sua influência que exerce sobre as federações. Nos últimos anos, seu discurso bate em cima da promoção do futebol feminino, melhorias na assistência médica aos jogadores e consolidação das relações com os parceiros de negócio da Fifa, justamente aqueles que vieram a público cobrar transparência e ética da entidade nos últimos dias.
A relação com os patrocinadores está estremecida desde o fim do ano passado, quando Sony e Emirates encerraram seus vínculos com a entidade alegando desgaste provocado pelos constantes escândalos de corrupção. Adidas, Coca-Cola, Gazprom, Hyundai/Kia e Visa são as atuais detentoras das cotas comerciais da Fifa e sofreram dois golpes seguidos nas últimas semanas: primeiro vieram as denúncias de trabalho escravo nas obras para a Copa do Mundo de 2022, no Qatar, o que levou à recriação, em forma de protesto, das logomarcas das empresas em alusão à situação dos trabalhadores.
Além de gerir a crise de mercado, Blatter terá de lidar com a ameaça de boicote das seleções europeias ao Mundial de 2018, na Rússia, hipótese levantada por Michel Platini na quinta-feira (28) após a Uefa decidir apoiar Hussein nas eleições da Fifa.