De olho na venda de cerveja no Allianz Parque, a Ambev notificou a WTorre, administradora do espaço, e a seguradora Allianz, dona dos naming rights da arena, pela assinatura de contrato com outra marca de cerveja.
O imbróglio remonta a 1920, quando a então dona do terreno, a Companhia Antarctica Paulista, hoje empresa do conglomerado da Ambev, vendeu o Parque Antarctica para o Palmeiras. Na ocasião, além da compensação financeira, a empresa ganhou direito vitalício de uso do nome e venda de seus produtos no espaço.
Apesar disso, segundo a Máquina do Esporte apurou, a intenção da empresa não é questionar o contrato de naming rights entre WTorre e Allianz. Na avaliação da empresa, os direitos de nome não trazem retorno suficiente. Por essa razão, a Ambev não se interessou em adquirir os naming rights nem do Allianz Parque, nem da Arena Corinthians, que teriam sido oferecidos à empresa.
Sem ela, a WTorre venceu os direitos de nome para a Allianz por R$ 300 milhões em contrato válido por 20 anos, com possibilidade de renovação por mais dez.
Sem se interessar pelos naming rights, a ideia da Ambev é conseguir outra forma de compensação: o direito de manter a exclusividade de venda de bebidas nos eventos no estádio. Hoje, essa propriedade comercial pertence à Cervejaria Petrópolis, dona da marca Itaipava.
O interesse aumentou com a possibilidade de liberação de venda de cerveja nos estádios de São Paulo. Projeto neste sentido já foi aprovado em primeira votação na Câmara dos Vereadores da capital paulista. O projeto de lei ainda terá que passar por mais uma votação antes de ser enviado para sanção do prefeito Fernando Haddad.
A WTorre acionou seu departamento jurídico para cuidar do caso, que ainda não foi parar na Justiça. A construtora argumenta que o espaço foi modificado com a construção da nova arena.
Além disso, quando assinou contrato com o Palmeiras, a Antarctica nem aparecia como parte interessada. A construtora assinou contrato de 30 anos com o clube paulista, pelo qual irá repassar 5% do faturamento do estádio ao Palmeiras, em valor que tem acréscimo de 5% a cada cinco anos.
Procurada, a Ambev não se pronunciou sobre o assunto. Já Rogério Dezembro, CEO da WTorre Entretenimento, não retornou às ligações da reportagem.