Todo megaevento é seguido de uma ligeira sensação de ressaca. O ano de 2017 para o esporte, porém, promete ser daquelas ressacas duras, de se trancar no quarto escuro e torcer para que uma folha de papel não caia no chão para que o barulho não se pareça com o de uma serra elétrica rompendo cabeça adentro.
Algumas situações conjunturais e estruturais levam a esse cenário.
Sem um plano bem estabelecido e preparado para ampliar a oferta esportiva após os Jogos do Rio, nossa indústria do esporte terá dificuldade para oferecer ao mercado projetos eficientes e de bom retorno.
Os poucos que têm vão ter de se adequar à realidade de mercado. A crise servirá de justificativa para que boa parte das empresas opte por não investir com força no esporte.
Outro problema a se enfrentar é a falta de interesse das empresas em investir no esporte com retorno bem mais baixo do que o de um megaevento. Ao mesmo tempo que ter os grandes eventos no país é bom para nos mostrar que investir no esporte é algo interessante, a sensação de carência de grandes eventos que se segue a uma Olimpíada vai dificultar a vida de quem busca investimento para um evento bem menor.
Muito se fala que a indústria vai entrar em colapso depois do Rio. Na realidade, se formos pensar o que era o mercado de esporte no Brasil há dez anos, pouco antes do Pan-07, vamos perceber que evoluímos de forma considerável desde então.
O fato é que vivemos um momento de aquecimento da indústria por conta dos megaeventos. E temos de nos preparar para a ressaca que virá.