Não é fácil romper com um modo de gerir que se perpetua há décadas. Engana-se quem pensa que a queda de Marco Polo Del Nero é o fim do modo perverso que se comanda o futebol no Brasil. A má gestão, para falar o mínimo, não foi embora com Ricardo Teixeira, com José Maria Marin e não irá com Del Nero. Mas este é o momento de mudança.
Durante todo o ano de 2015, a caixa preta da CBF tem sido desvendada. Foram sucessões de notícias ruins, em que cadernos de esporte se confundiram com cadernos policiais. Foram mais algemas do que traves. Agora, os velhos cardeais do futebol já se retiraram.
O novo presidente da CBF, Marcus Vicente, é um indicado de Del Nero, fruto de uma manobra do ex-mandatário para que o vice mais velho não assumisse. Ou seja, não é difícil supor que não seja aí que more a solução dos problemas. A situação institucional, por outro lado, nunca esteve tão frágil.
Há, claro, a chance de isolar essa bola que quica na pequena área para os dirigentes do futebol. O problema é que o talento não é grande; não faltam pernas de pau nos bastidores. O erro será a ênfase na luta, e não no diálogo, mais uma característica de que não tem força suficiente.
Com um pouquinho de habilidade, abre-se o momento de discutir o futuro do esporte. É a hora de trocar as manchetes policiais pelas propostas e pelas iniciativas que possam, de fato, desenvolver o futebol em todas as direções.
Nos últimos anos, gestões de clubes e políticas foram transformadas e ajudaram no crescimento do esporte. Agora, é otimismo: 2016 deve ser o ano definitivo para as mudanças.