Um dos principais desejos dos grandes times brasileiros é a internacionalização da marca. O sonho é ter a capacidade dos grandes clubes europeus, menos dependentes de seus mercados locais e abertos aos milhões das mais diversas regiões do mundo. E um dos planos para chegar a essa meta é a realização de amistosos de pré-temporada. Esse, no entanto, pode ser um erro.
O desejo pelas partidas festivas está focado no modo como os europeus realizam esse tipo de evento. Ele passa por um calendário menos caótico, algo que ainda está distante da realidade do futebol brasileiro. O problema, no entanto, está na crença de que partidas isoladas são suficientes para a internacionalização das marcas. Com os amistosos dos europeus nos Estados Unidos e na Ásia, fica claro que não é esse o caminho mais certeiro. Os amistosos, na verdade, servem como um segundo passo.
O jogo entre Liverpool e Sevilla deixa isso claro: a partida foi desenhada para que o torcedor americano tivesse a experiência real do que é uma partida de futebol. Só que isso seria muito mais difícil se as equipes não tivessem uma força já estabelecida.
O Fenway Park teve um fim de semana de festa para o Liverpool, sendo que a equipe é a atual campeã da Liga dos Campeões, torneio que teve audiência de 3 milhões de pessoas nos Estados Unidos na última decisão. Além disso, ainda há o fato de que a Premier League é transmitida no país em rede aberta de televisão.
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A base de fãs do Liverpool ainda ganha força em Boston, principal cidade da região chamada informalmente de “Nova Inglaterra”, que convive com imigração britânica. Ou seja, é um cenário muito específico para expor a marca de um clube.
Outros amistosos de times europeus não têm tido tanto apelo assim nos Estados Unidos. Arquibancadas vazias ainda são comuns nesses jogos. Cada evento é, portanto, um pequeno passo para os objetivos dos times europeus. Não é simples.
Os times brasileiros ganham muito menos com os amistosos. Basta lembrar os estádios completamente vazios na Florida Cup. Normalmente, o público é formado apenas por brasileiros. Para os poucos estrangeiros, fica uma experiência ruim, de arena fria e pouco interessante. O que as equipes recebem com isso?
Comercialmente, amistosos internacionais podem ser interessantes para as grandes equipes, mas o processo de internacionalização está longe de tê-los como base. Nesse caso, a ampliação da transmissão dos jogos se faz sempre necessária.