Cubro doping há 16 anos, quase o tempo que tenho de carreira no jornalismo esportivo. Nesse período, tive a satisfação de soltar em primeira mão alguns dos principais casos do esporte brasileiro, como o de Maurren Maggi, em 2003 (na Folha de S.Paulo, junto com o Fabio Seixas), e o de Mariana Ohata, seis anos depois (em apuração com o Júlio Frascino, na TV Record).
Em outras tantas vezes, preferi não me arriscar a divulgar um resultado positivo por não ficar satisfeito com a apuração. Há quase dez anos, um dos principais corredores do país teve um resultado suspeito. Optei por não divulgar seu nome. Dias depois, o doping não se confirmou.
Há alguns meses, chegou-me a informação de que a velocista Ana Cláudia Lemos havia sido flagrada em um exame. Como fracassei na tentativa de cruzar com alguma outra fonte, optei por não publicar a notícia. O caso positivo foi divulgado, mas a brasileira acabou suspensa por cinco meses.
Ninguém está imune a erros. Mas no caso do doping é preferível pecar pelo excesso de zelo do que pela falta. Um atleta flagrado fere valores básicos do esporte e, muitas vezes, fica tachado como fraude.
Quem é responsável pelos exames, então, deveria adotar isso como um mantra. Não tem sido o procedimento da CBF. A liberação de Arouca, do Palmeiras, configura o terceiro caso, nos últimos dias, de atletas inocentados após estardalhaço na divulgação de exames positivos. Seriedade e precaução são lemas que precisam estar mais presentes no antidoping do futebol.