A criança desde cedo aprende que ganhar ou perder faz parte da vida.
Para nós, jornalistas, o equivalente a uma vitória poderia ser medido pela capacidade de divulgar notícias exclusivas, que no jargão profissional é chamado de “furo”. É algo muito raro em uma Olimpíada. Seja pela imensa quantidade de repórteres, seja pela dificuldade de superar a blindagem natural para todos os lugares em que se procure novidades.
Muito mais comum é sofrer “derrotas”, ou seja, levar furos de concorrentes. Faz parte do aprendizado profissional e um bom jornalista sabe que irá conviver muito mais com os reveses do que com a glória.
Lição básica? É algo que não foi aprendido pelos atletas brasileiros. Uma derrota, mesmo que esperada, é motivo para um muro de lamentações, choro, inconformismo, desespero. É natural. Foram quatro anos de treinamento que são decididos em alguns minutos.
Após o insucesso, os brasileiros são quase sempre os únicos a passar direto pela zona mista, espaço na saída da área de competição onde os jornalistas se aglomeram atrás de uma declaração.
Em seguida passam outros atletas derrotados. Alguns tão inconformados quanto os nossos. Uns param para respirar, choram compulsivamente, são consolados pelo treinador. Alguns minutos depois, porém, passam pelo corredor para as entrevistas de praxe. São profissionais bem pagos que sabem que uma das obrigações com seus patrocinadores é aparecer na imprensa. Têm ciência de que repórteres não são amigos. Nem inimigos. Estão lá para fazer seu trabalho.
Nos minutos seguintes passam os medalhistas. Depois, os campeões. Esses sempre cercados pela imprensa de seu país e, dependendo da importância de sua façanha, por repórteres de todo o mundo. Após superar o obstáculo derradeiro até o vestiário, o vencedor da noite segue para trocar de roupa, telefonar para a família, festejar.
E o brasileiro? Cadê? Alguns vão embora sem dar satisfações. Outros deixam todo mundo esperando por horas. Boa parte dos atletas brasileiros são mimados. Precisam aprender a ser mais profissionais. Na vitória ou na derrota.