O SporTV deixou claro: após dois anos, o jogo de segunda-feira no Brasileirão tem, de fato, um bom apelo para audiência, como já havia exaltado a CBF ao tomar a decisão. O número do Ibope, no entanto, não pode ser a única fonte de informação para cravar que a iniciativa é um sucesso.
A medida mais simples de ponderar a questão é pela presença de público nos estádios. Um levantamento do Globoesporte.com, em 2017, mostrou que a segunda-feira perde para o sábado, o domingo e até a quinta-feira na média de torcedores nas arenas. Ficou a frente apenas da quarta-feira, a única data com partidas no infame horário das 22 horas.
O dado se torna mais relevante ao pensar que os jogos da segunda-feira eram, originalmente, marcados para a rodada do fim de semana, nos dias com maiores públicos nos estádios. Não é difícil concluir, portanto, que a medida tira torcedores das arenas.
E isso é um problema grande especialmente no Brasil, onde a média de público do principal torneio de futebol não chegou a 16 mil pessoas por jogo. A baixa presença de torcedores gera prejuízos a times e arenas, e a mudança desse cenário é uma necessidade urgente para sustentabilidade do esporte no país. Uma realidade distante do mercado europeu ou americano.
Obviamente, o horário não é o único motivo para a falta de público, longe disso. Mas a organização do futebol tem que sempre ponderar quem perde mais na balança entre o interesse dos torcedores de estádio e o interesse da televisão. Os argumentos normalmente param nas cifras arcadas pelas emissoras, mas a supressão de interesse impede o crescimento de outras fontes de renda dos clubes.