O recorde de audiência de Palmeiras x Corinthians na última quarta-feira é a síntese de um dos maiores problemas que o Brasileirão tem para decolar como um produto de fato nacional.
No fim dos anos 90, quando a Globo aumentou o valor e passou a ter exclusividade na transmissão dos jogos, adotamos o critério de regionalização da transmissão do futebol no país.
Numa época em que Silvio Santos e Gugu formavam uma poderosa tabelinha que chegava a liderar a audiência, a Globo teve no futebol sua tábua de salvação. Os domingos passaram a ter mais jogos às 16h, sempre com apelo para cada praça de exibição.
Quase 20 anos depois, a fórmula não mudou. Mas o comportamento do público, sim. O futebol já não tem o mesmo peso para gerar audiência, e a Globo não é mais ameaçada.
Mesmo assim, a escolha dos jogos da TV segue o mesmo critério de antes. O futebol precisa ser regional. Não há possibilidade de um grande jogo de apelo nacional ser exibido para todo o Brasil. Nem mesmo a disputa para definir o time campeão tem transmissão ao vivo em todo o território nacional.
Isso derruba o Brasileirão como produto. A cultura do torcedor é a rivalidade regional. Só é possível à elite que tem condições de pagar pelo PPV ver de fato o Campeonato Brasileiro.
O futebol brasileiro precisa entender o conceito de um torneio nacional.
Nesta semana, a NFL divulgou uma arrecadação recorde de US$ 7,5 bilhões. O motivo? O novo acordo de TV para a transmissão dos jogos da quinta-feira à noite, que valorizou-se em 50%. Um único jogo por semana, exibido em rede nacional, gera o valor total pago pelos direitos do Brasileiro.
Quando isso irá mudar por aqui?