De nada adiantam ações de marketing mirabolantes, novas arenas e horário pop. Nem cinco estrelas no peito. O futebol brasileiro sempre ficará na segunda divisão – numa projeção otimista – das grandes ligas esportivas mundiais porque não sabe valorizar e respeitar seu consumidor.
No último sábado, o estatuto do torcedor foi rasgado em um dos jogos mais importantes do Campeonato Brasileiro. Na Arena Corinthians, em Itaquera, os donos da casa venceram o Atlético-MG para 36.280 pagantes. Mas poderia e deveria ter sido mais. Cerca de 1700 atleticanos, segundo estimativa da Polícia Militar, não conseguiram entrar no estádio por falta de ingressos para a torcida visitante.
Em jogo de empurra, Atlético-MG e Corinthians tentam se eximir, em vão, da culpa. Os mineiros por não terem exercido direito de compra antecipada para o seu torcedor, previsto no regulamento do torneio. E protegido, dessa forma, seu séquito do acordo de cavalheiros não cumprido. E os paulistas que, embora avisados sobre o contingente que receberiam em seu estádio, deram de ombros.
Não foram poucos os exemplos de torcedores corintianos no espaço reservado para os atleticanos. O ingresso a R$ 50 é o mais atraente da nova arena e, sem fiscalização, o bolso fala mais alto do que a segurança. Enquanto isso, mais de dez mil lugares considerados vips e, portanto, mais caros, estavam às moscas. Em plena era da modernização dos estádios no Brasil, o torcedor deveria ser o centro do novo conceito e não o subproduto dele.