O investimento de verba pública no esporte como plataforma para aumentar o fluxo de turistas para uma região é prática mais do que comum no mercado americano e, de certa forma, é o que mais impulsiona o esporte como negócio e entretenimento na capital do marketing esportivo.
Por isso mesmo, o investimento que Brasília começa a fazer no esporte precisa ser visto com bastante atenção pelo mercado. A diferença daqui em relação aos EUA é que, além de termos necessidade muito maior de investimentos em infraestrutura e melhoria de qualidade de vida para a população, não temos uma cultura de justificar o investimento público no esporte para além de uma grande festa para a mídia.
LEIA MAIS: Via BRB, Brasília tenta criar status de capital do esporte
Nos EUA, uma nova instalação esportiva que será usada por uma equipe profissional, de qualquer esporte, só pode ser construída se tiver dinheiro público envolvido. É uma premisssa nas ligas esportivas americanas ter o engajamento dos entes públicos para promover as equipes. E isso só é garantido se houver um investimento em dinheiro para erguer a casa desse time.
Por aqui, a regra é torcermos o nariz para o investimento público no esporte, que foi deturpado por mau uso da verba em construções sem qualquer lógica de negócio ou em patrocínios completamente obscuros envolvendo atletas, times e confederações. Nosso histórico não favorece.
Agora, porém, pelo menos no discurso, Brasília parece ter entendido de que forma o investimento em grandes eventos e patrocínios polpudos pode impulsionar a cidade. É interessante ver que os acordos do BRB com Flamengo e CBB têm como contrapartida a obrigatoriedade de levar cerca de 30% dos eventos para a capital.
O esporte de alto rendimento é o que inspira a iniciação da prática esportiva. Criar uma política pública de esportes parte do princípio de ter não apenas o esporte na parte de cima da pirâmide, mas as condições para a prática esportiva desde a base. Ao atrelar o patrocínio no profissional ao uso de instalações da base, Brasília dá um passo importante para se transformar num centro de formação de atletas.
Foi assim que o Rexona construiu, no Paraná, um dos maiores projetos do vôlei brasileiro há 25 anos, tendo como mentor Bernardinho. A diferença, agora, é que o governo de Brasília decidiu adotar o modelo americano.
Até hoje, no Brasil, isso nunca foi para frente na esfera pública. Sem investimento privado no esporte, a oportunidade que se apresenta é única. E a responsabilidade, também.