O Flamengo cancelou uma boa ação de marketing porque o time não vai bem em campo. E expôs uma situação peculiar que sempre manteve em evidência no Brasil. De certa forma, esse é um desenrolar à máxima “marketing é bola na caixa”, tão proliferada entre velhos dirigentes do futebol brasileiro. Mas, como se sabe, não é tão verdade.
Marketing se faz com o time em alta ou com o time em baixa. Qualquer situação, dentro de um ambiente normalizado, pode e deve ser usada para aproximar o torcedor ao clube. Seria pouco inteligente, por exemplo, se o Corinthians tivesse aberto mão de mercantilizar a frase “Eu nunca vou te abandonar” por causa do rebaixamento da equipe.
Por outro lado, se o marketing ignorar o campo, o erro é certeiro. O sentimento do torcedor está com o momento do time. Basta, então, entender qual é a aflição do fã, do consumidor, para aplicar ações que levem ganho à marca. As duas partes são unidas, mas têm que saber coexistir.
Muito provavelmente, a chegada de Paolo Guerrero represente um alívio à situação do torcedor flamenguista. Próximo à zona do rebaixamento, a chegada do peruano é um sinal de grandeza que o fã precisava para se sentir orgulhoso. O Flamengo contratou um ídolo de uma equipe rival, o artilheiro da Copa América.
Dessa maneira, é difícil entender como uma boa ideia a suspensão do evento, pelo menos vendo a decisão de longe. O jogo na Gávea seria um sopro de otimismo ao clube, aquele sopro que só o marketing conseguiria fazer em uma fase que não é boa dentro de campo.